Bem vindo ao meu universo! Neste blog você encontrará textos de autoria de Ana Teresa Araújo Viana. Alguns textos são reflexões sobre diversos assuntos, outros são apenas o resultado de alguma madrugada inspiradora. Sem mais delongas, Deixa a Alma Respirar!







sábado, 31 de dezembro de 2011

Promessas de Ano Novo


Diferentemente do que sempre fiz, desta vez não vou fazer lista de desejos, objetivos e metas para o Ano Novo que se aproxima. É que muitas vezes as promessas de Ano Novo agem arbitrariamente. Quero dizer, ao invés de ampliarem nossos horizontes e nos estimularem a seguir adiante, elas limitam nossas mentes. Você passa o ano todo perseguindo um objetivo pré-determinado (que muitas vezes já nem faz sentido atualmente) e se frustra caso não consiga alcançá-lo. Enquanto isso, várias outras (boas) oportunidades podem ter passado sem que você percebesse, simplesmente porque elas não se encaixavam na sua lista de desejos para aquele ano.
E qual o sentido disso - passar o ano checando uma lista, marcando aquilo que está pronto ou aquilo que ainda falta fazer? A vida tem mesmo que ser assim tão... previsível?
O que, afinal, desejo para 2012? Desejo única e exclusivamente uma vida empolgante, surpreendente, feliz, pela qual valha a pena acordar cedo. E que seja assim brilhante mesmo que algumas metas se percam pelo caminho, porque algumas se perdem mesmo, enquanto outros acontecimentos totalmente inesperados se incorporam aos nossos dias.
Desejo que você se permita... se permita viver, cantar, sorrir, chorar... vencer, mas também que se permita algumas derrotas. E que tire proveito delas; extraia sempre algum aprendizado. Que as lágrimas vertidas não lhe impeçam de sorrir. E não pense que não haverá lágrimas, porque elas irão surgir em algum momento dessa caminhada. Porque elas fazem parte da vida. E que você se permita vivenciá-las. Que aprenda a conviver com o sucesso e também com um possível fracasso, com seus medos, receios. Mas acima de tudo, que o medo jamais lhe tire a ousadia, o espírito livre, a vontade de fazer dar certo. Que você aprecie o vôo sem temer a queda, mesmo que às vezes ela seja inevitável.
Que em 2012 a gente aprenda a valorizar também a jornada e não só a chegada. Que haja vida plena, em todos os sentidos que esse adjetivo comporta.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Olhos de quem quer ver.

Pra ser feliz não precisa de muito não. Porque felicidade não é sinônimo de beleza demais, dinheiro demais, grandeza demais. É isso: felicidade não tem a ver com grandezas. Não precisa ser perfeito pra ser feliz. A verdade é que o mundo tá cheio de motivos de felicidade... Basta olhar ao redor com olhos de quem quer ver. Mais dia menos dia a gente descobre que a vida é bela, é grata. Quando olhamos com atenção, num dia qualquer a gente se pega pensando na vida... e sorrindo por dentro.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Escrever, eis o sonho.


Saudade de escrever assim despretenciosamente, saudade de rasgar a alma assim em palavras mudas num papel. Rasgar a alma e deixar que dela jorre todo o sangue, toda a dor, toda a beleza, todo o lirismo, numa tentativa de compreensão, num desabafo surdo, numa esperança que não cessa. Escrever assim como uma criança tímida, ansiosa em encontrar as palavras certas, escrever assim como uma adolescente frágil que tem sede de multidões. Escrever e me perder na dimensão confusa dos pensamentos escritos, das emoções indistintas e das idéias cálidas; diluindo-me e afastando-me para... encontrar-me logo em seguida. E perceber que em meio a milagres possíveis, num sopro de inspiração, toda a angústia se foi, todos os desertos floriram, as luzes brilharam de novo. Em meio a milagres possíveis, perceber que a escrita me resgata de mim mesma, revela o melhor que há em mim, costurando minha alma rasgada. Me fazendo florir de novo. Descobrir que ela encerra um mundo de possibilidades, mais bonito, mais justo e mais meu. Saudade de escrever assim despretenciosamente, rasgando a alma assim em palavras mudas num papel. E o sangue derramado regou as flores que nasceram. Toda a dor convertida em contentamento. A escrita me fez feliz de novo.

Água


Banho de chuva. Gotas de água, pele, limpeza, frescor. Acreditar que tudo pode ser diferente, acreditar que vai dar certo. Renovação de sentimentos, de idéias, de pensamentos. Barulho de água que parece sussurrar nos ouvidos da gente: "Você consegue, você é capaz, você vai dar conta". Sorrisos, almas serenas, promessas e mais promessas de felicidades futuras. Sonhos resgatados, estimas reconstruídas. Um mundo talvez mais bonito. E a gente acredita. Assim. E só.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

7.000.000.000


Somos sete bilhões. Andamos, comemos, nos vestimos, estudamos, aprendemos, trabalhamos, sorrimos, choramos, enlouquecemos de vez em quando. Construímos, desconstruímos, fazemos, deixamos de fazer, somos tanto e ao mesmo tempo tão pouco. Somos tudo e somos nada, somos sete bilhões. Sete bilhões de pessoas. Sete bilhões de vidas. Quanta responsabilidade. Quanta gente, mas parece que ainda falta alguém (sempre). São tantos os paradoxos, as antíteses, as incógnitas, as esfinges, ninguém é capaz de nos decifrar. Somos sete bilhões, somos alguns e outros mais. Quantos bilhões já se foram, quantos ainda virão?
Sete bilhões de pessoas, soa tão complicado. Mas no fundo é simples assim: somos sete bilhões de pessoas buscando a felicidade. Porque no fundo, o ser humano só quer ser feliz.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

De uma vestibulanda para outros vestibulandos.

Temos mania de querer a vida "pra ontem". Ninguém quer mesmo "perder tempo". Mas entre uma correria e outra, a gente quase sempre se esquece que...
A beleza da vida é justamente essa gama de opções, de possibilidades. Há uma reversibilidade desconcertante e maravilhosa. Digo, você sempre pode voltar atrás e começar de novo. Diariamente, sabe? É isso. Cada novo dia é uma segunda chance. Pra consertar o que anda meio quebrado, pra fazer de novo, e de novo, e outra vez, se for preciso. A gente é que, na nossa ansiedade bem-intencionada, coloca o carro na frente dos bois e acredita que tem que ser hoje, agora, nesse minuto ainda. E, se as coisas não acontecem do nosso jeito, ao nosso tempo, a gente chora e dá chilique, feito criança mimada. Mas a vida é uma escola... e cada nova experiência nos ensina que esperar não é perder tempo. Esperar é se preparar melhor para o bom que está por vir. Isso em relação a tudo... vestibular, relacionamentos, pessoas, carreira. No tempo de espera, a gente aprende, a gente revisa, revê, amadurece o propósito, renova o objetivo, o ideal. O tempo de espera é importante também! Por isso é tão fundamental, às vezes, desacelerar... porque nessa ânsia louca de sucesso e finais, acabamos atropelando a nós mesmos. Na pressa para chegar logo, muitas vezes a gente dá um passo maior do que a perna e acaba perdendo o equilíbrio. E cai. E se machuca.
"Todas as coisas têm um tempo certo debaixo dos céus". Comodismo para uns, zona de conforto para outros, sei lá. Não sei como você encara essa frase, mas eu acredito profundamente nela. Alguma coisa me diz que as coisas acontecem quando elas têm que acontecer. Parecido com aquela história de "tudo o que é pra ser seu vem para você". Claro que as coisas não vêm de mão beijada, isso é evidente e natural. Todas as coisas têm de ser lutadas. Mas a parte que nos cabe é a NOSSA luta. Muito mais do que isso, não podemos fazer. Se você tem feito a sua parte, se você tem consciência das suas lutas, relaxe. Isso é tudo o que importa. Algumas coisas fogem mesmo ao nosso controle. Se não for dessa vez, paciência. Ano que vem tem de novo... uma nova chance, uma nova oportunidade, novas pessoas, novos encontros, novas possibilidades. Uma reprovação no vestibular não diz muita coisa sobre você. Não define quem você é, não diminui o seu valor enquanto ser humano. É lógico que todo mundo quer passar e, se você estudou, se preparou, é normal que você QUEIRA MUITO passar agora, afinal você quer ver o resultado concreto do seu esforço e da sua dedicação. Eu desejo de coração que essa vitória seja sua... Mas, se não for dessa vez, vamos ter um pouco mais de calma. Vamos aprender a respeitar o nosso ritmo, o nosso tempo. Vamos lutar de novo enquanto esperamos nossa vez.

Boa sorte para todos nós! :)

sábado, 15 de outubro de 2011

Sobre tetos vermelhos, rotina, ordens implícitas e não saberes.


Arissa abriu os olhos e contemplou o teto branco do quarto. Teto sem graça. Sem cor também. Afinal, desde quando branco é cor? Branco é branco, branco e só. Arissa estava em meio a tédios. Uma doce menina entediada pode decerto promover muitas mudanças. Levantou-se da cama, olhou-se no espelho, focalizando em primeiro plano seus olhos castanhos. Sempre tão úmidos, olhos tão gelatinosos, oblíquos, aquosos. Pareceriam estranhos a outros olhos? Ela não sabia. Mas gostava deles. Eram... diferentes. Sutilmente diferentes. Arissa apreciava todas as coisas diversas. Talvez por isso estivesse tão incomodada com a sua rotina. Rotina! Que palavra mais nojentinha, ela pensava. Sem graça, sem cor. Que nem o teto do quarto! Não era à toa que o pensamento de Arissa voava tão facilmente. Algo magnético a levava a idéias inusitadas. E se eu terminasse o colégio e decidisse viajar pela Europa inteirinha? Mas e a faculdade, Arissa? Só quero um curso de fotografia. Arissa só desejava aquilo que pudesse aproximá-la dela mesma. Durante as aulas de química, Arissa era a mais avoada. De que adianta saber tudo sobre tabelas periódicas, quando não sei sequer em que acredito? Ai, Arissa. Por quê você tinha que ter sempre perguntas tão complicadas?
E ela quer saber porque tem de haver tantas ordens implícitas no mundo. E ela quer saber porque dizer liberdade soa falso. Arissa, sempre com tantas filosofices. Ai, essa rotina ainda me mata! A vida toda passando, assim, tão veloz, e Arissa nem sequer teve tempo para pensar no que fazer com tantos segundos e minutos ligeiros! A vida assim tão sem graça, tão sem cor... Que nem o teto do quarto. Arissa sabe tudo o que deve fazer. A lista é extensa e ingrata. Mas ainda não descobriu o que quer fazer. São tantas as possibilidades.
E se eu cair? Alguém me levanta? E se der errado? Eu volto atrás e faço certo. E se eu me arrepender? Quem é que se arrepende diante da felicidade?
De repente, a menina cai em si, desvincula-se de tantos devaneios. De uma coisa, Arissa agora tem certeza:
- Esse teto eu vou pintar é de vermelho!

sábado, 1 de outubro de 2011

Bonito mesmo é ser você

Bonito mesmo é ser você. Assim, desse jeito, sem tirar nem pôr.
Sabe os padrões de beleza, de comportamento, disso, daquilo? Aqueles que são ditados pela mídia e blá-blá-blá? Pois é. Esqueça-os. Assuma-se como você é... não faz sentido pautar a vida na busca pela perfeição.
Às vezes nos fazem acreditar que só pode ser bom aquilo que é perfeito. Mas o que é a perfeição? Para mim, é um conceito tão abstrato quanto pessoal. O que é perfeito para mim pode não ser perfeito para você, e vice-versa.
Relacionamentos perfeitos? Pessoas perfeitas? Corpos perfeitos? Vida perfeita? Tenho aqui as minhas dúvidas. Se para você ser perfeito é sinônimo de ser irretocável, em todos os sentidos cabíveis a essa palavra, então não há a mínima possibilidade de haver algo perfeito no mundo.
Mas o que dizer daquelas pessoas que amamos? Apesar de todos os seus defeitos, não se tornam aos nossos olhos seres 'perfeitos'? A época mais feliz de nossas vidas, aquela época que consideramos 'perfeita', era de fato irretocável, em todos os mínimos detalhes? Provavelmente não.
Isso quer dizer que não precisa ser absolutamente perfeito para ser incrível.
Você não precisa ser perfeito para ser feliz e para fazer as outras pessoas felizes. Você não precisa ser perfeito para ser amado, para ser aceito.
Dito assim, isso soa a coisa mais óbvia do mundo, mas a maioria de nós esquece disso no dia-a-dia e seguimos buscando a perfeição, acreditando que só seremos plenamente felizes quando formos melhores nisso ou naquilo, quando operarmos o nariz, quando tivermos uma conta bancária de X dígitos, etc.
A gente vive esperando ser perfeito, para só depois ser feliz. E desejamos tanto, tanto a perfeição que nem paramos para pensar no que ela realmente significa. E se for perfeito, como você sempre sonhou, mas no final das contas não fizer você feliz?
A vida é maravilhosa porque nos permite fazer várias opções. Não tem isso de 'game over', não. A vida é sempre um recomeço. Sempre é tempo de decidir o que é prioridade para você. Buscar a perfeição ou buscar a felicidade? Porque há uma enorme diferença entre uma coisa e outra.
Quanto tempo nós já perdemos esperando para sermos felizes no dia em que nos descobríssemos perfeitos?
Com certeza, muito mais tempo do que a gente gostaria.



"A beleza está no espelho para o qual você olha todos os dias. Curta a sua existência."
De vez em quando todo mundo precisa de um bilhetinho igual a esse, né?
;)

sábado, 17 de setembro de 2011

Série "Uma Carta para você - Segunda Carta: Para alguém que eu ainda não conheci."


Imagino o que você está fazendo agora. Neste exato segundo. No que está pensando, para quê pretende prestar vestibular - se é que já não está na faculdade. Não sei. Imagino se gosta de comédias românticas tanto quanto eu. E tento ouvir o seu riso ao dizer que são histórias tão improváveis e tão incríveis ao mesmo tempo. Será que você diria isso? Sinto falta de saber sobre os seus sonhos, os seus medos, as suas alegrias, as suas dúvidas, as suas certezas. Sinto falta de saber a cor dos seus olhos; é até engraçado pensar assim. Sinto falta de conhecer as suas expressões, os seus jeitos, a curva da sua boca enquanto sorri. Suas palavras preferidas, seu sotaque. Sinto falta de ver você vir sorrindo, sempre sorrindo, com dois ingressos do show da sua banda preferida nas mãos. E de todas as nossas brincadeiras e piadas particulares, de nossos risos, de nossas fotografias e de seu abraço de urso. Da música linda que você vai me mostrar. "Sobra tanta falta", sabe? É só que às vezes tenho aquela sensação de que tudo irá valer a pena quando você chegar. E eu sei que você também está me esperando, e que um dia nossos caminhos irão se cruzar. A gente vai se reconhecer... e vai ser incrível. Eu sei. E você também.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

LIBERTAS QUAE SERA TAMEN


Em apoio à greve dos professores da rede pública do Estado de Minas Gerais.
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Certamente, os cem dias de greve têm ensinado lições mais importantes do que as propostas nos milhares de dias letivos dos quais nossos estudantes já participaram ao longo da vida. Esta greve - que é histórica e, acima de tudo, justa e salutar, diga-se de passagem - traz inúmeros benefícios para toda a sociedade brasileira. Tenho absoluta certeza de que os protestos, a angústia e a luta dessa classe faz toda a diferença na formação de uma nova mentalidade que vem surgindo no Brasil. Mas que bom que já temos coragem de sair às ruas para reclamar sobre o ensino público esfacelado que nos é dado! Que bom que não mais ficamos apenas na habitual reclamação, "ai, como seria bom se o professor fosse melhor preparado, e se houvesse uma cadeira para que ele se sentasse e fizesse a chamada!". Que bom que finalmente o plano das idéias encontrou o plano concreto da realidade! Aplaudo de pé aqueles que fizeram esse encontro acontecer!
Essa greve mostra muito mais do que professores indignados... Mostra um povo brasileiro cansado de ser levado "no banho maria" pelo governo... Cansado de ser enganado com promessas eleitoreiras. Mostra um povo que finalmente descobriu o poder que tem. É o povo clamando pelos seus direitos! É o povo que paga imposto e quer ver pra onde vai esse dinheiro! É um povo que tem coragem de mostrar a cara, bater no peito e dizer sem hesitar: Dai a Deus o que é de Deus, e a César o que é de César! Eu quero o que é meu, do meu direito eu não abro mão!
E então o povo começa a se questionar. E então a maravilha se completa. Se há dinheiro para viagens fabulosas, contas milionárias, mensalão, mensalinho e seus variantes, se há dinheiro para mansões ilegais e toda espécie de corrupção diariamente anunciada nos meios de comunicação, se há dinheiro suficiente para bancar toda essa baixaria, por quê não há dinheiro para pagar o trabalhador?! Esse dinheiro agora tem que aparecer...
Porque o Brasil não tem fome só de Matemática, Português, História e Geografia. Nem só de cultura. O Brasil também é um faminto de justiça, de honestidade e transparência. E, particularmente, acredito que toda a Física, o Português, a Geografia ensinados servirão de NADA se o povo não aprender o básico do básico... que é conhecer os seus direitos, lutar por eles. Aí sim, quando buscarmos nossos direitos, reclamarmos por eles, veremos a mudança que tanto sonhamos... Porque um povo esclarecido e consciente é mais difícil de ser enganado! É a luta da sociedade pelo que é seu de direito que fará com que o dinheiro dos impostos seja melhor empregado. E então passará a haver dinheiro para pagar um salário digno a qualquer trabalhador... haverá um sistema educacional do qual a gente possa se orgulhar. E então, finalmente, nossos alunos aprenderão DE VERDADE Português, Matemática... porque aprenderam antes o fundamental: CIDADANIA!
Nada mais apropriado que essa revolução comece justamente pelos professores... eles, os responsáveis pelo ensino e formação de nossas futuras gerações, tem toda a moral para dar esse exemplo.
A vocês, queridos formadores do Brasil que seremos, meu apoio e minha admiração.
A vocês, queridos MESTRES, meu respeito.
Obrigada por abrirem nossas mentes para o caminho do respeito a nós mesmos, ao nosso país e ao que somos. Obrigada por nos mostrarem que não devemos aceitar a injustiça e a mentira; por nos dizer que não, não devemos aceitar um salário injusto, que desvaloriza o nosso trabalho.
E, principalmente, obrigada por nos ensinar a valorizar a nós mesmos.
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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Grand' Hotel


Às vezes é preciso abrir mão do imediatismo, do agora, do aqui, pra plantar o amanhã, pra cuidar do que pode ser. Porque às vezes sinto necessidade de apostar no futuro e então me vem um desejo de cuidar melhor do hoje, do que está nascendo... Assim como o jardineiro que abre mão da primeira sombra e poda a árvore porque sabe que ela precisa disso para crescer forte e tomar a forma certa. E eu me lembro que a pressa é inimiga da perfeição... e descubro que é preciso esperar. É necessário ser paciente; é necessário resistir à tentação do imediatismo tantas vezes! Percebo que as coisas verdadeiras e belas levam tempo para serem construídas. Ninguém ergue um castelo de um dia para o outro. Não! É preciso que haja tempo de espera... tempo de plantar, tempo de colher. O tempo é o maestro do magnífico. É preciso que haja tempo suficiente. É preciso que haja calma. E, acima de tudo, paciência. É preciso paciência para que a possibilidade não seja sufocada pela ansiedade. É preciso paciência para que o melhor possa vir.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Um jeito novo de ver a vida.

E, por mais tristes e cinzentas que as coisas me pareçam hoje, vou resistir à tentação de transformar esses sentimentos friorentos em palavras. O mundo já anda tão cheio de pessimismo e inquietações, para quê dividir mais impressões sombrias? Ninguém precisa de mais lamentações, murmúrios, soluços... Ninguém quer isso. Meu objetivo ao escrever sempre foi abrir os corações, irrigar as almas, florir o mundo, pelo menos por um segundo. Pelo menos enquanto durar o texto, a palavra, a emoção. E é nisso que eu insisto: na existência de dias melhores... mesmo que hoje pareça difícil crer nessa verdade. Escrevo que sim, a vida é bela, o mundo conspira para a nossa felicidade, o sol ainda vai brilhar lá longe no horizonte, por mais nublado que o céu esteja. Essas metáforas bobas e todas as outras coisas que lembrem um final feliz. Escrevo sobre as promessas do arco-íris logo após um temporal, sobre a benção que os momentos difíceis podem representar, se forem enfrentados com sensatez e equilíbrio. Escrevo sobre a esperança, sobre o renascer dos dias, sobre a luta cotidiana que é a busca pela felicidade, escrevo que ainda há maravilhas e pessoas maravilhosas sobre a nossa Terra... e que sim, ainda é possível. Ainda tem jeito. Ainda vai dar certo... Escrevo sobre tudo isso sem medo de ser hipócrita. Não tenho medo que soe falso, porque não soará. Mesmo porque o sentido da vida é mesmo esse recomeço, é essa busca incessante pela paz interior, pelo equilíbrio, pelo ideal... Mesmo que as coisas não pareçam bem hoje, agora, não significa que elas sejam ruins. Talvez apenas estejam ruins, e, creia, esse é um estado totalmente transitório, e não a confirmação de um pesadelo ou algo assim. A vida é cheia de altos e baixos, de caminhos sinuosos e tortuosos, mas que quase sempre têm um final feliz. Porque o final dessa história é a gente quem decide... as flores estão escondidas por aí; cabe a nós encontrá-las. A vida não é uma constante de derrotas, de fracassos, de tristezas, de infelicidade... a vida é algo mágico, é uma oportunidade ambulante, e tudo o que hoje é, amanhã pode não ser, ou tornar a ser, quem sabe. É um mistério divino. E eu sei que isso pode parecer um tanto quanto repetitivo, mas, acredite, é uma verdade. Mesmo que hoje não seja essa a realidade do meu espírito, mesmo que hoje eu não carregue comigo toda essa certeza de dias melhores, eles ainda virão. Escrevo isso com uma certeza desconcertante. Hoje pode até parecer mentira, mas sei que não se trata de dizer mentiras, e sim de dizer verdades futuras. Porque o bem é maior, o poder de Deus é maior, e sempre prevalece no final. Não posso garantir que seja hoje, amanhã, ou depois. Não posso garantir quando e onde com exatidão. Mas dias melhores estão vindo, e ainda vão me encontrar.
Porque a vida é de uma sensibilidade desconcertante.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

No final.


- Como é que a gente sabe?
- Saber o quê?
- Se estamos tomando as decisões certas?



- Acho que a gente não sabe. Este é o tipo de coisa que a gente só descobre no final.

domingo, 21 de agosto de 2011

Série "Uma Carta para você" - Primeira Carta: Ao Tempo, com carinho.


Querido Tempo,

Você passou depressa, meu amigo. Ainda ontem éramos duas crianças brincando, alheias a tudo, a todos, ao mundo. Alheias a nós mesmas, até. Você não era tão importante, é verdade. Afinal, o que eram os meses, os anos? Confesso que isso não tinha para mim valor algum. Não podíamos dimensionar grandezas tão inúteis naquela época. As datas me pareciam totalmente abstratas, apenas uma voz adulta que de vez em quando perturbava, tão distante que soava irreal. Não havia preocupações, querido Tempo. A vida cabia toda num único instante, num sabor de sorvete, numa tarde no parque, na água gelada da piscina. Tudo era tão simples. Quem é que se preocupava com o dia de amanhã? Os adultos, certamente. A nós, crianças, cabia apenas a delícia do hoje, a glória do agora, a alegre solidez dos minutos bem aproveitados, sorvidos com avidez. Para nós, o amanhã não existia. Após o hoje, haveria um novo hoje, e outro, e outro mais. A incerteza do futuro não tinha poder sobre nós. Íamos, assim, felizes, munidos de sorrisos, travessuras, molecagens. Grandiosos príncipes e princesas, cavaleiros, desbravadores de milhões de mares, bailarinas, marinheiros, astronautas, possuidores de todas as garantias. O mundo era nosso, e cabia na palma de nossa mão.
Ser criança era de fato algo muito simples. Porque criança não tem essa de 'ser ou não ser', não existe a hipótese dessa questão. Ela é. O que quiser. E só.
Mas aí veio você com sua curiosidade medonha, Tempo. E as coisas mudaram de repente. Você abriu o portal para uma nova dimensão, o qual atravessamos juntos, em meio a passos vacilantes.
Então você se fez notar. Abriram a temporada de prazos e datas-limites. Uma judiação o que fizeram com você, querido amigo. Tolheram a sua liberdade. Penso em como você deve se sentir. Um sujeito outrora tão livre, tão cheio de si, em poucos anos preso, arregimentado, minuciosamente controlado. Tão triste viver assim!
Ai, Tempo. Tenho pena de você. Tenho pena de nós dois. Sei que não era para ser assim; você e eu planejamos tudo de forma tão diferente! Na nossa maneira de conceber o futuro, as coisas seriam mais pacatas e mais serenas. Éramos dois sensíveis, você se lembra? Dois utópicos sonhadores...
O nosso erro, querido Tempo, eu já sei qual foi.
O nosso erro foi ter pensado a vida sob a ótica ingênua das crianças.

Abraços nostálgicos de quem muito sofre a sua ausência,
Ana Teresa.

sábado, 20 de agosto de 2011

Aquilo que eu não disse.

Tenho andado pensando em tantas coisas. Preocupando-me com tantas coisas. Tanto a fazer, tantos horários a cumprir. Nessas idas e vindas, quase me esqueci de você. Eu disse 'quase', veja bem. Em meio a uma reunião de negócios, ou simplesmente voltando do escritório, quando sinto a brisa fresca da tarde a tocar-me o rosto, lembro-me do quanto você gostava do vento. E vem à minha mente a imagem do seu vestido leve de verão, seus cabelos cor de mel espalhando-se em milhares de direções distintas. Impossível esquecer. Escuto seu riso fresco, vejo novamente seus lábios entreabrirem-se revelando um doce sorriso. E, num instante de louca inspiração, penso ouvir a sua voz. Viro-me, procuro por você e tudo o que encontro é a sua ausência. Então me lembro das suas explicações sobre furacões e tornados. "São apenas ventos furiosos, Miguel", você costumava dizer. Lembro de achar você tão louca. Tão louca, meu Deus. Todas aquelas idéias cosmológicas, todo aquele vinho regado à filosofia, os sete brincos na orelha esquerda, a paixão por comédias românticas e cachorros, as lágrimas vertidas copiosamente ao assistir o último capítulo da novela das oito... e, ainda por cima, aquela mania de falar sobre ventos. Você era tão diferente de todas as pessoas que eu conhecia. Suas poesias rabiscadas no caderno de economia do jornal matutino. Sua mania de neologismos que eu quase nunca entendia. Sua maneira nada sutil de fazer-se notar. Lembro-me de perder o rumo da conversa quando encontrava seus olhos morenos ali boiando no caminho. Lembro-me de esquecer a pronúncia das palavras quando ouvia você chamar meu nome. “Miguel, você viu o jornal de ontem? Um tornado, em algum lugar... Ei, Miguel, você acha que eu deveria tatuar um ciclone nas costelas? Miguel? No que você está pensando? Miguel! Miguel!”
E eu, que achava absurdo seu riso parecer tão sincero, eu, que me perguntava se tanta felicidade podia de fato existir, fiquei perplexo na primeira vez em que me peguei pensando em você.
Tantas palavras não ditas. Tenho a impressão de que você sempre esperou ouvi-las.
Eu te amava tanto. Amava tanto ao ponto de deixar bem escondido. Aquelas ligações anônimas que você recebia de madrugada? O buquê de flores sem cartão que você recebeu no trabalho? Fui eu. E, onde quer que você esteja, por Deus, saiba que não há um único dia sequer em que eu não deseje voltar no tempo. Pra fazer tudo diferente, sabe? Colocar um cartão assinado por mim naquele maldito vaso de flores. Te ligar num horário normal convidando para ver aquele filme que ficou em cartaz por duas semanas. Você queria tanto ver aquele filme.
Todas as coisas do mundo me parecem tão inúteis agora. Nada trará você de volta. Você se foi para sempre.
Tantas palavras não ditas. Tenho a impressão de que você sempre esperou ouvi-las.
E eu sempre quis dizê-las.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Carpe Diem


Deixe a vida se pintar nas cores da aurora
Deixe o que tiver de vir vir agora
Derrama um sorriso pelo caminho
E segue em paz

domingo, 31 de julho de 2011

Enquanto o sol não vem.


Eu sei que vai passar. Sei que logo, logo o sol vai aparecer e toda essa escuridão vai ser apenas uma lembrança ruim. E, quando o sol chegar, eu vou agradecer por todo esse período de aprendizado, vou agradecer por todas as lágrimas derramadas, por todas as descrenças, por todas as indecisões que me ensinaram a valorizar a certeza, a fé, o sorriso, a alegria. Eu sei que o sol vai se levantar mais brilhante do que nunca... pra iluminar a vida, pra dizer que sim, tem solução. O sol tá chegando pra anunciar tempos melhores! Sei que ainda vamos celebrar tanta felicidade!
Enquanto o sol não vem, deixa estar que a gente inventa. Inventa motivos pra sorrir, inventa razão pra continuar. Enquanto o sol não vem, a gente colore, pinta, renova, recicla, muda um pouco o visual. Nessa espera a gente se repensa, se descobre e reaprende a amar. Se acalenta, se observa, vem comigo, vem sem pressa que a vida prometeu nos guiar.
Enquanto o sol não vem... espera comigo, que eu tô esperando por você.

sábado, 30 de julho de 2011

De repente se fez necessário. Não podia mais fingir que tudo estava bem, obrigada. Não deu pra manter o sorriso, a leveza, não deu pra mentir que não tinha importância. Porque eu me importo, sim. É que eu ando abrindo mão de tanta opinião. Tanta coisa que eu deixo pra lá, pra não desgastar, pra não causar confusão. Em nome de um bem maior... será? É que ando ouvindo tanta gente, tanto conselho, tanto "faça, ou não...", que de repente não me sinto mais eu, não sei onde começam meus próprios pensamentos e onde terminam os alheios a mim. Foi então que me dei o direito de imprimir minha personalidade às minhas atitudes. Descobri que ser fiel a si mesmo não é o caminho mais fácil de ser seguido. Mas, com certeza, é o mais gratificante.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Simplesmente.


Quem foi que disse que, na vida, a gente tem que levar tudo a sério? Menos às vezes é mais...
E para quê pensar em tudo, em todas as hipóteses, no passado, no futuro? Certas coisas não foram feitas para serem pensadas. Ao contrário. Em determinados momentos, o melhor a se fazer é apenas sentir.
Todas as palavras devem ser de fato ouvidas? Todas as lembranças devem permanecer intactas na memória? Até mesmo aquilo que te derruba, que te faz sofrer, até mesmo isso deve ir com você?
Esqueça o que der pra esquecer... O perdão areja a alma.
Para quê estar sempre tão sisudo, como se a vida em si fosse um problema complicado de resolver? Será medo de alegria? Será medo de gostar de viver?
Tanto estresse, tanta pressão... a troco de quê?
Nada disso faz a vida ficar mais bonita. Nada disso é solução.
Se o seu coração não está feliz, todo o resto é ilusão.
Vire-se do avesso. Descubra-se. Escute-se.
Se achar que deve ir, vá. Se depois quiser voltar, volte.
Mude a ordem das coisas.
Mostra esse sorriso que você andou guardando pro momento especial...
Faça do "hoje" o melhor dia da sua vida...
Porque felicidade é para quem não se deixa esmorecer!

"No fundo, mesmo lendo tanto, pensando tanto e filosofando tanto, a gente gosta mesmo é de quem é simples e feliz. A gente não se apaixona por quem vive reclamando e amassando jornais contra a parede. A gente se apaixona por esses tipinhos banais que vivem rindo. E a gente se pergunta: que é que ele tem que brilha tanto? Que é que ele tem que quando chega ofusca todo o resto?"

terça-feira, 5 de julho de 2011

Se a gente se perde por um instante, tudo perde o sentido. Se deixamos a tristeza e o pessimismo tomarem conta de nossas mentes, perdemos a capacidade de enxergar o belo que acontece à nossa volta. Se nos fechamos à novas oportunidades, jamais descobriremos o que elas poderiam nos trazer e aonde teriam nos levado. Se descremos de amizades verdadeiras, de sentimentos puros, da bondade e do amor, o peso do nosso fardo aumenta e fica quase impossível carregá-lo. Se acreditamos em nosso próprio fracasso, se repetimos a todo instante que somos incapazes, incompletos, infelizes, é mais provável que ao fim do dia tenhamos nos transformado naquilo que profetizamos. Se não nos permitimos vez ou outra "vadiar nossa alegria", sorrir para as paredes, cantar no banco da praça, pedir um abraço que acalenta, ou simplesmente estar perto de alguém, se não nos permitimos isso, o verdadeiro propósito da vida se perde. Se a pressa toma conta de nossa rotina e o tempo fica escasso demais para aquilo que o coração pede, talvez o sentimento de dever cumprido ao final do dia seja apenas ilusão. Se perdemos por um instante o verdadeiro significado da vida, se nos descuidamos um segundo que seja do propósito que se esconde atrás das coisas mais óbvias, a vida é coisa sem graça. Perde toda a graça, todo o sabor. Porque felicidade na maioria das vezes não tem nada a ver com tanta coisa exterior... Tem tão mais a ver com o que se passa por dentro! Numa época em que tudo é urgência, passos apressados e afazeres complicados, felicidade é luta diária, é coisa para quem não se esquece do principal...


***

Música do Lenine... uma das minhas preferidas. Sei lá, achei que combinava com o texto. :)
Paciência
Lenine

"Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência
Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (Tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para (a vida não para não)

Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para (a vida não para não... a vida não para) "

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sobre fotografias e não-saberes.

Na parede do quarto, um quadro de fotos. Aproximou-se, queria ver de perto aquelas fotografias antigas. O quadro fora presente do irmão mais velho, na ocasião dos seus quinze anos. Lembrava-se perfeitamente do dia em que o recebera: correra a pregar suas fotografias prediletas; o quadro enorme parecera pequeno de repente. Agora, ela já tinha dezoito, e ao contrário do que se pudesse pensar, não se interessava mais por colar fotos recentes no quadro velho. Havia tempos que ali não havia qualquer foto diferente que lembrasse uma nova festa, um novo amigo, uma flor novata que fosse. O quadro estava congelado no passado - como sua vida também. Perdidas no tempo, as fotografias lhe despertavam sentimentos diversos. Decorava-as de vez em quando, quando se sentia tristemente nostálgica. Apontava o dedo para a garotinha sorridente daquela foto já desgastada pela ação dos anos, e dizia num tom distante:
- Você já deveria saber que perderia a competição de natação.
À menina de quatorze anos eternizada numa das fotografias, dizia simplesmente:
- Ele nunca gostou de você, sua tonta.
Chegava então à sua foto preferida. A maior de todas, ocupava o centro do quadro. Uma menina quase moça, bonita, vestido formal, valsa. A festa de 15 anos. Um sorriso enorme no rosto de cada convidado ali retratado. A própria garota sorrindo como se tanta felicidade já não coubesse dentro de si.
A esta fotografia, costumava dizer:
- Você não sabia que aos dezoito anos seria apenas triste e solitária. Você esperava festas, bailes, vários amigos, roupas bonitas. Mas tudo o que você tem hoje é infelicidade.
A causa de tanta tristeza não sabia, e essa era a sua maior dor. Não fora assim sempre; houve um tempo em que todo dia era verão, e os passarinhos estavam sempre a cantar-lhe na janela. Mas o inverno veio chegando, e, num repente, as nuvens encobriram o sol.
Porque não era como as outras? Sempre agarrada aos seus livros, escritos e filmes intermináveis. Porque não música alta, multidões?
A garota perdeu-se em seus pensamentos. Lançou um último olhar ao quadro; encarou a menina sorridente dos quinze anos:
- Eu quero você de volta.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

e nada faz sentido.


E quando tudo parece errado, o norte perdido, o dia nublado, quando todas as coisas perderam o encanto e a vida vai ficando assim opaca, eu só consigo pensar:
- Onde está você agora?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Visita Sutil.

Hoje o mundo não parece tão assustador. O mundo de hoje não é um lugar confuso, inquieto, relutante. Não o sinto tão vasto, tão grande, tão de todos e ao mesmo tempo de ninguém. É que hoje o mundo que chega aos meus olhos é encantador... Perdeu aquela mania de grandeza. Perdeu, simplesmente, não sei onde, nem como. Apenas sei que o mundo diminuiu. Diminuiu sim, mas para caber mais gente, mais riso, mais alegria, mais conforto, mais beleza, menos solidão. O mundo que percebo hoje vem cheio de pequenezas - tão significativas! - : um céu azul imaculado, uma brisa que leva pólens e fecunda as plantas, o sol que começa a esquentar. As crianças que brincam de esconde-esconde. Os sorrisos que eu conheci. E por um segundo tudo faz sentido... A vida, os propósitos, ou não. E o mundo diminuiu... e hoje tudo tem sabor de lanche feito em casa. Tranquilidade, certezas. Como se o mundo todo fosse apenas uma extensão da minha vizinhança. Acolhedoramente, e só. Amigos, literatura, palavras bobas e muitos sorrisos. Fácil. Simples. Assim. O mundo diminuiu para hospedar mais felicidade.

sábado, 4 de junho de 2011

Promessa.


Andava distraída naquela manhã de junho. Imersa em pensamentos, perguntas e talvez algumas respostas. O sopro leve da brisa que bagunçava-lhe os cabelos. O sol que despontava, tímido. Um céu que ensaiava azul e despertava amores. E de repente tudo lhe pareceu tão certo! Todas as dúvidas dissipadas por um milagre matutino. E de repente tudo lhe pareceu tão claro! Todos os sentimentos finalmente desvendados. O riso gentil da garota ecoou pelo universo. E todo o universo pareceu sorrir em resposta.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Indelével


'Cada respiração é uma segunda chance.'


As pessoas não são descartáveis.
Um tanto quanto óbvia para muitos, mas absolutamente encantadora, essa afirmação de repente me comoveu.
É que então eu me lembrei dos momentos em que me decepcionei com alguém. Momentos em que parecia mais fácil e muito mais cômodo retirar sutilmente aquela pessoa da minha vida... "Esquecer" de dar bom-dia, de ligar no aniversário, cortar assuntos, confidências. Ignorar, fingir que essa pessoa nunca existiu, nunca fez parte de você. Sabe como é? Algo como uma declaração muda: "Não te quero mais na minha vida". Mas acontece que as pessoas não são descartáveis. As pessoas não podem ser jogadas fora. Os momentos felizes, as risadas, as mãos estendidas que tantas vezes ajudaram a me levantar - tudo isso será apagado, esquecido, ignorado, manchado para sempre por um erro cometido? As pessoas não são descartáveis... não são feito o brinquedo quebrado que anos atrás eu deixei num canto qualquer da sala de estar. As pessoas não são descartáveis. Não são como um projeto mal feito que não satisfez as minhas expectativas. Quando se trata de pessoas, é impossível amassar a folha e em seguida jogá-la no lixo.
E tantas vezes as pessoas nos decepcionam... ou nós é que nos decepcionamos com elas? Tão mais fácil rasgar o verbo, sair correndo sem olhar para trás, tão mais fácil virar a página e começar outra vez a busca pela pessoa perfeita! Sem pensar por um minuto que talvez (só talvez!) o outro valha a pena! Que o outro também tem suas próprias reclamações, sua própria visão de mundo, da vida, das pessoas, do relacionamento. O outro também é gente! Eu também sou gente! E gente que é gente erra e acerta o tempo todo. Tão mais fácil "esquecer" que a perfeição que exijo dos outros inexiste em mim!
As pessoas não são descartáveis. Que bom que quando errei encontrei pessoas que me perdoaram e que decidiram continuar perto de mim. Pessoas que decidiram que eu ainda valia a pena, que ainda valia a pena estar ao meu lado!
As pessoas não são descartáveis.
Através dessas palavras eu percebi que é necessário, ao olhar para as pessoas, ver além de um monte de erros e fracassos. É preciso olhar com amor, até enxergar ali um ser humano igual a você.

domingo, 29 de maio de 2011

Vãs filosofias.


Tédio vespertino. Cochilo adiado, sono que vem, quase pára, mas continua seu caminho - indiferente, amolador. Danado de sono que não chega logo!
Jogada na cama, travesseiro por cima da cabeça, a garota tenta ordenar os pensamentos. Por quê o sono não chega logo, Meu Deus?! Precisava descansar, logo o seu horário de almoço teria fim e mais uma tarde de estudos teria seu início. Ela estava exausta, entretanto não conseguia pegar no sono. Que engraçado! Por quê será que o sono não vem quando a gente mais precisa dele? E por quê será que esse vinha, sem ser convidado, justamente na aula de Matemática?! Ela gostaria de saber a resposta.
Tentou esvaziar a mente. Havia lido num livro - o qual esquecera o nome - que esvaziar a mente de todo e qualquer pensamento era essencial para dormir bem. Droga, essa era uma tarefa realmente difícil para uma garota de dezessete anos. Tudo o que fazia era pensar... sua mente sempre abarrotada de pensamentos, em sua maioria inúteis. Pensar lhe era tão natural quanto respirar. Mal acabou de pensar esse pensamento, teve uma crise de risos. Que conversa de doido era aquela? Imaginou a cara de seus amigos se eles pudessem passear por sua mente. Com certeza iriam dizer que ela era estranha demais. E daí? Sabia que era estranha. Mas adorava ser estranha, todavia.
De repente, um som cortou o ar, e na sequência, cortou os pensamentos da menina.
O Hino Nacional... Distante, fraquinho, quase um sussurro em seus potentes ouvidos. Entreabriu os olhos. Ali o seu quarto, seu mundo, seu recanto. Na janela, sua cidade se fazia notar. Engraçado! E se ela tivesse nascido em outro país?! Melhor, quem decidira fazê-la nascer justamente no Brasil? Haveria nisso algum propósito, ou seria um simples fato que de nada importava? Será que nos Estados Unidos, na Etiópia, na Inglaterra, melhor ainda, no Japão, será que haveria garotas nesses países pensando o mesmo que ela nesse exato segundo? Como seria seu quarto, sua casa, sua família, se houvesse nascido em algum outro país? E sua aparência? Seria diferente? E sua alma, continuaria a mesma? Estaria pensando tudo isso se fosse fisicamente diferente do que o espelho lhe mostrava?
Riu sozinha. Ai ai, esses pensamentos confusos que lhe invadiam feito vontade de comer doce, de vez em quando. Essas vontades que a gente não consegue conter. Os pensamentos eram assim mesmo: uma enxurrada de coisas estranhas que ela não sabia de onde vinham. Mas estavam ali. Disso tinha certeza.
Ai, meu Pai. Que coisa incrível que era a vida, né? Que coisa incrível, incrível, incrível. Saber que tudo poderia ser extremamente diferente do que é, mas que por algum motivo obscuro a ela, tudo era só e simplesmente aquilo que era. Ah não, de novo não. Tá vendo só? Ela era estranha mesmo. Os amigos estavam certos. Parecia que não falava coisa com coisa. Melhor sair da cama, não ia dormir mesmo. Ir fazer algo útil, isso sim. Mas de uma coisa ela sabia: a vida era incrível, incrível, incrível, mesmo que a maioria das pessoas nunca pensasse nisso.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Tranças douradas.

Vou. Quase volto. Olho de soslaio, pura indecisão.
A palavra quase salta, os lábios quase abertos, mas eu penso, repenso e resolvo que não.
Começo a ensaiar meus próximos passos. Se vou? Se fico? Se não fico, eu vou, mas se vou eu quase fico (nunca irei por inteira). Há sempre uma parte de mim que insiste em não-saber. A outra parte grita, diz urgência, pede atitude, tem sede de decisão, cobra mais lugares, mais pessoas, mais gestos queridos, mais coragem. Mais, mais, mais. Ousada metade do meu ser, sempre querendo tudo o que o meu eu inteiro não consegue dar.
A outra parte, gêmea coitada. Sem certezas, tímida de fazer dó. Sempre corrigindo as travessuras impulsivas da irmã deslumbrada. É ela quem me ruboriza as faces, me torna desajeitada e propensa a tropeções. É ela quem me sopra aos ouvidos:
"- Indecisa! Simplista! Sem sal!"
Desastre em potencial.
E eu, eu mesma, sobro inteira e dividida, eternamente dividida, mera platéia de uma briga entre duas gêmeas levadas.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O que consola.



O que consola é saber que ainda existe você. Que entre tanta gente sem graça, sem tempero, ainda existe você. Consola saber que no meio de tantas vozes indiferentes ainda existe a sua. Saber que apesar de tantos peitos vazios, o seu ainda guarda um coração. Ter certeza de que você estará lá, mesmo que não haja ninguém. Consola saber que vou ganhar o seu abraço no final daquele dia difícil. O que consola é saber que ainda existe você, que acho suas idéias o máximo; o que consola é saber que você se preocupa sinceramente comigo. E que não vai me abandonar, mesmo que pareça o certo a fazer. O que consola é saber que ainda existe você, e que ainda vou te encontrar. Consola, e faz sorrir. Faz valer a pena. Faz não desistir.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Bad Hair Day³



Hoje é dia de desligar o celular, de me jogar na cama e curtir uma solidão.

- É que às vezes eu me canso sem saber.

E não responderei a nenhum e-mail, não, não retornarei nenhuma ligação, não me lembrarei daquele velho compromisso.

- Hoje eu decidi que é domingo.

E hoje, sinceramente, não tenho vontade de saber como ninguém está, não tenho vontade de conversar com ninguém.

- É que às vezes as pessoas se cansam umas das outras.

Por hoje eu também não vou sonhar, quero apenas a tranquilidade de um sono sem sonhos.

- É que quero evitar a desilusão ao acordar.

Também não mendigarei qualquer amor, qualquer pedaço de atenção.

- É que hoje pretendo disfarçar esta carência.

E me jogo num canto, quase feliz... e ali fico a vegetar. Horas, minutos, segundos. Todo o tempo do mundo é meu.

Decido evitar pensar.

Não consigo evitar sentir.

Tédio, mormaço, arroz com feijão.

Tudo no mesmo lugar. Tudo como sempre esteve, tudo como sempre estará. (?)

Medo. Vontade de sair correndo, quebrando a rotina com passos apressados.

Mudança. Urgência.

Pressa de felicidade.

domingo, 8 de maio de 2011

Alone.



Às vezes é preciso simplesmente assumir suas opiniões, seus gostos e desgostos. Mesmo que incomode, que machuque um pouquinho. Mesmo que não haja ninguém para concordar, para dizer que apoia, que conte comigo. Às vezes, tudo o que se pode fazer é seguir em frente, mesmo que sozinho, e pagar pra ver.




(Porque às vezes permanecer firme em minhas convicções me parece tão necessário quanto respirar.)

sábado, 30 de abril de 2011

Sobre autonomia e coragem de ser quem se é.



É bom querer a vida. Aquela vontade de ter, de possuir, de esticar a mão e pegar sorridente tudo aquilo que a vida tem pra oferecer. Mesclar os estilos, as cores, os sabores, as sensações, ser fiel apenas à felicidade. Contigo, só aquilo que te faz feliz, só aquilo que te faz sorrir. Colocar a sua vida na palma da mão, e maravilhar-se, e exclamar: "É minha!".

E realmente sentir-se dono, e fazer o possível pra ser merecedor.

Comprometer-se consigo mesmo, isso é algo maravilhoso. Prometer fazer a si mesmo feliz, todo dia. E fazer da simplicidade do dia-a-dia um culto ao milagre de ser.

Amar-se demais, demais, e amar-se tanto, e de tal modo, e sempre, que dê vontade de espalhar amor sem conta-gotas. Que dê vontade de perdoar aqueles que te ofendem, que te menosprezam, que riem de você. Que dê vontade de desejar a eles pelo menos um décimo da felicidade que está ali saltando do seu peito. E você deseja.

E a plenitude é tanta que os outros passam a ser apenas um detalhe... a opinião dos outros, o julgamento dos outros, um pequeno detalhe. O importante mesmo você já tem: a liberdade de ser quem você quer ser, quem você decidiu ser. E isso ninguém pode te roubar.


Isso é ser feliz de verdade.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A praticidade dissolve os homens*

Tenho medo da praticidade. Medo de me tornar tão prática ao ponto de não sentir mais dor, de não saber mais chorar, sorrir, corar. A praticidade dissolve a vida. Afinal, o que é a vida sem uma lágrima de amor, um grito de dor, de alegria, um sorriso que demonstre empatia, um menear de cabeça que revele timidez?

A praticidade quebra os encantos. Descomplica demais.

E o que é a vida sem um tantinho assim de complicação? Sem sonhos, sem medos, sem anseios, sem dúvidas, sem emoção?

Tenho medo da praticidade, tenho medo de permitir que ela contorne os meus dias, e faça tudo parecer mais fácil...

O que há de ser da vida se esta perder o sabor da conquista? Se perder o cheiro de luta, de vitória? O que será do amor sem todas as cartas escritas, sem todas as flores enviadas, sem todos os filmes manjados (e amados) de Hollywood?

Tenho medo que a praticidade venha e arranque de nós todas as rimas.

Tenho medo de ser prática ao ponto de não me interessar por um verso que seja.


Temo um mundo prático o suficiente para parecer sem cor. Um mundo sem risos, sem abraços, sem banhos de chuva.
Um mundo onde não se perca tempo com o pôr do sol, com a contagem das estrelas, com poesias.

É isso.

Temo um mundo sem poetas.

Temo um mundo sem escritores.

Temo um mundo sem palavras doces.

Temo um mundo sem poesia.





*Título inspirado no poema "A noite dissolve os homens", de Carlos Drummond de Andrade.



Avistou a estrada ao longe. A trilha repleta de flores, árvores e metáforas facilmente a seduziu.

- Quanto verde! Quanta beleza! Quanta poesia!

Abandonou o mundo cinza-concreto e habilmente trocou seu espírito outrora angustiado por uma alma leve e feliz.

Decidiu-se por aquela estrada, ou teria sido a estrada a decidir-se por ela?
Nunca soube de fato. Dela, só se sabe que seguiu. Seguiu assim, sem mais certezas, possuidora apenas de si mesma, e de sua própria vontade. Mas isso não é tudo o que realmente importa?

Nunca se preocupou em descobrir. Nunca se preocupou em entender.
Ela era toda pés, e tudo o que fazia era caminhar. Os pés mostrariam o caminho.

Seguiu assim, nas suas andanças, sem medo de se perder, de esquecer o caminho de volta.

Não sabia até que ponto queria voltar. Não sabia até onde deveria ir.

Mas é sabido que foi; foi assim, fiel à muita pouca coisa. Fiel de verdade, apenas à si mesma e à sua própria autonomia.

Pelo sim, pelo não, garantias apenas ao seu próprio ser.

Se voltou? Se gostou? Se sorriu? Se chorou?

Ela se limita a dizer que viveu.

E completa, perdida em pensamentos:


- Isso é tudo o que de fato interessa.

terça-feira, 19 de abril de 2011

A menina- poesia.



Dizem que surgiu do nada, igualzinho a chuva de verão. Quem é que ia prever uma coisa dessas? Dizem que apareceu ainda criança de colo, no meio do dia. Pisca um olho, a praia deserta. Pisca o outro, um bebê rastejando na areia, brincando com conchinhas.

Dizem que foi criada por uma velhinha de cabelos grisalhos e longos. Dizem também que foi adotada por um casal que tinha doze filhos. Outros falam ainda que cresceu sozinha, na praia. Eu não sei. Mas o que importa é que a menina cresceu...

Dizem que não saía do mar. Nadava de fazer inveja ao peixe mais nadador. Mergulhava tão fundo sem prender a respiração. Disseram logo que era filha do mar.

Dizem que também corria depressa. Ninguém pegava a menina na carreira. Os cabelos loirinhos esfarelando-se no ar, apenas um vultinho corredor lá longe. Disseram então que era filha do vento.

Dizem que era capaz de transformar até o coração mais duro numa maria-mole. Dizem que encantava a toda gente. A menina era mais doce do que sorvete.

Dizem que tinha os olhos azuis que nem céu de janeiro. E a pele assim bronzeada, de tanto tomar sol. Juntava isso às faces rosadinhas e dá-lhe beleza de fazer inveja às meninas bonitas da capital.

Dizem também que olho azul não tinha, não. Muito menos cabelo loiro, veja só! Muitos acham que a menina era mesmo bem morena; ou talvez ruiva, me fugiu à memória.

Dizem que quase não falava. Vivia num significativo silêncio, tímida, delicada. Dizem outras línguas que a menina era muito tagarela, não parava de falar. Eu não sei.

O certo é que não tinham certeza mesmo de quase nada; muito pouco de fato se sabia sobre aquela menina.

Mas em uma coisa todo mundo concordava: a menina era a própria poesia.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

...

Às vezes precisamos deixar todos os pensamentos pra depois, sabe? Varrer a mente de toda essa loucura. Não é sempre que dá para analisar todas as coisas, todos os momentos, todas as mancadas, todos os "e se"... não assim, não tudo de uma só vez. Às vezes tudo o que dá pra fazer é assumir que agora você não dá conta, que agora está impossível, que por hoje você não vai. E só. Não que seja a atitude mais correta, mais bonita, mais admirável. Mas foi o que deu pra fazer. Às vezes o que resta é simplesmente ignorar... e fingir por um momento que tudo está bem, tudo certo, obrigada. Às vezes o que se pode fazer é admitir que não, não sou perfeita, estou em obras, em eterna construção. Às vezes é preciso cogitar um dia de descanso para a mente, pra tentar manter a sanidade. E amanhã eu resolvo tudo, faço as devidas correções, penso nas mesmas coisas por horas a fio... mas hoje não. Hoje é banho, travesseiro e talvez um sonho bom. Hoje definitivamente não dá.

domingo, 10 de abril de 2011

Texto 07 - Concurso "Deixa a Alma Respirar - 01 ano!"

O Sétimo Lugar do Concurso é da Bruna Meira, que através do texto "Amores Improváveis" revela que até mesmo a mais fria das pessoas é capaz de se encantar com o amor. Parabéns, Bruna! Seu texto é maravilhoso! Blog da Bruna: http://brunameiira.blogspot.com/ ___________________________________________________________________
Amores improváveis.

por Bruna Meira

Ao assistir o último capítulo de uma novela qualquer, por um minuto, Clara se imaginou desfrutando de toda aquela felicidade. Boas festas, família reunida, e quem sabe... um amor. Talvez se considere a novela um pretexto para contar um pouco sobre Clara. Quatorze anos, cabelos lisos e longos e um jeito diferente de ver o mundo. É necessário constar que quase ninguém entendia a cabeça da jovem. Como se explica uma garota, aparentemente fria, guardar consigo grandes sonhos que até ela própria julgava bobagem? Era uma incógnita para todos. As vezes amor demais, as vezes sentimentalismo demais, porém, guardava tudo as sete chaves. Ora, onde ficaria a fama de "durona" se todos descobrissem o que ela traz no coração? Ah... como Clara sentia o amor, como era capaz de ver amor onde ninguém mais via. Como era capaz de esconder isso de todos? A explicação é breve, se resume a uma única palavra: medo. Medo de ser julgada por amar, por demonstrar, por confundirem o que ela sentia. Afinal, será que amor seria, realmente, a melhor definição sobre aquilo que ela trazia no peito? Aquele sede insaciável de viver o amor, de compartilhar o amor. Dedicava horas do seu dia à leitura e sonhava, e como sonhava... Sonhava viver um amor shakesperiano, com todos os pós e contras encontrados naqueles. A ideia de um romance casual apavorava a jovem, como temia que sua vida tomasse o mesmo rumo da vida das demais pessoas. Se angustiava ao ver relacionamentos monótonos, e apesar de não ter certeza sobre muita coisa, sabia que não queria aquilo para sua vida. Sua vontade de desacreditar era imensa, mas nem lutando contra isso tirava da sua cabeça que seus maiores sonhos ainda se realizariam. Algum dia, encontraria sim um grande amor, que a amasse tanto quanto, entretanto esse amor seria testado. Haveria de passar pelo sofrimento, pela dor e superaria tudo isso, pois só se tem a certeza de que é amor, se já passou pela experiência da dificuldade. Encontrariam nas dificuldades motivos para se fortalecerem, e assim afirmariam com convicção que: "o nosso amor superou tudo".

sábado, 9 de abril de 2011

Vamos Construir?


Acho horrível a capacidade que algumas pessoas têm de destruir. Destruir sorrisos, destruir manhãs, destruir sonhos. São pessoas que através de uma palavra, de um gesto, de um comentário maldoso ou de uma crítica mal estruturada espezinham, machucam, pisam, humilham os outros seres humanos ao seu redor. Por onde passam, deixam rastros de tristeza, angústia, vergonha, dor. Vão fazendo o dourado ficar cinza, vão desinventando as cores em sua jornada. Massacram corações, fazem chorar e nunca pedem desculpas. Essas pessoas, geralmente, têm o péssimo hábito de dar uma opinião mesmo que você não tenha pedido. Não são suas amigas, não são seus familiares, não sabem nada sobre você, mas te julgam assim mesmo. São aquelas que falam mal de você para terceiros, torcem pelo seu fracasso e comemoram qualquer vacilada sua. Criticam seu novo corte de cabelo, mas amanhã mesmo aparecem com um igual. Não te olham com amor, não desejam o seu bem, nem fazem críticas construtivas. Afinal, querem mesmo é destruir. Você, no caso. Sabem exatamente porquê você é do jeito que é, têm teorias mirabolantes sobre sua personalidade e de vez em quando despejam todo o conteúdo de suas mentes doentias na sua cara. Assim, sem mais nem menos mesmo. É quando você se assusta e começa a procurar motivos para tanto ódio, tanta amargura. Revira a memória, busca desentendimentos remotos, hipotéticas palavras de ofensa, qualquer coisa que justifique as atitudes daquelas pessoas. Mas você não acha nada. Você nunca brigou com aquela pessoa. Na verdade, você nem mesmo se lembrava dela até que ela viesse e botasse fogo na sua paz. É quando eu me pergunto: por quê tem tanta gente interessada em destruir a felicidade dos outros? Será que é falta de uma vida interessante, falta do que fazer, imaturidade, inveja, incapacidade de cuidar da própria vida ou simplesmente maldade, pura e desmedida? Bom, eu realmente não quero saber. Só sei que quero ser o mais diferente possível de gente assim. Quero construir. Nem sempre consigo, mas estou sempre tentando. O melhor caminho a seguir nessas situações é esquecer. Esquecer tudo aquilo que você escutou e que não te fez melhor, aquilo que te fez sofrer e não te engrandeceu em nada. Perdoar e seguir em frente. É hora de aprender a escutar apenas aquilo que constrói, que edifica. Todo o resto é bobagem.



(Que Deus nos ajude a tratar os outros como gostaríamos de ser tratados... O que você gostaria de receber: críticas construtivas ou negativas? E o que gostaria de ouvir: palavras de construção ou de destruição? Quantos de nós teria coragem de orar no final do dia: "Senhor, trata-me amanhã como tratei os outros hoje."?)

Texto 06 - Concurso "Deixa a Alma Respirar - 01 ano!"

A Maria Rosa Araújo Viana, de 13 anos, ganhou o Sexto Lugar do concurso, com um poema intitulado: "Até quando, até quando violência?". Parabéns, Maria Rosa! Seu poema é muito verdadeiro e expressa bem a necessidade de se criar uma cultura de paz. ____________________________________________________________________
Até quando, até quando violência?

por Maria Rosa Araújo Viana


Todo ano morrem milhares de pessoas,

Milhares de pessoas vítimas de violência.

Todo tipo de violência:

São assaltos, atentados terroristas, sequestros.


Até quando, até quando viveremos assim

Num mundo marcado pela violência,

Sem a certeza de que estaremos vivos.


Penso nas famílias que perderam seus parentes

Seus parentes queridos

E naqueles que perderam seus amigos.


Com cada vida que se vai,

Vai um pedaço de alguém.

De quem amou, de quem criou,

De quem gerou, de quem quis bem.


Quando irão parar?!

Pais de filhos, irmão de irmão,

Amigo de amigo,

Quantos eles ainda separarão?


Quantos inocentes irão restar

Pagando com sangue e sofrimento

Pela maldade e loucura

Daqueles que semeiam o medo pelo vento?


É necessária uma nova cultura

De paz e de amor

Para que o ser humano reencontre em si mesmo

A face do seu Criador!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Quando eu prometi viver cada dia como se fosse o último... ou simplesmente: Sobre vidas e borboletas

E de repente você se pega pensando na vida, na morte, no amor, na dor, no medo, em tudo. Bem na frente da TV, em meio a um telejornal que narra a morte de 13. E você começa a pensar também na fragilidade da vida, na ilusão do "para sempre", na mentira apregoada "há muito tempo pela frente". A verdade é que pode não haver tempo nenhum. A verdade é que o "para sempre" sempre acaba mais cedo do que podemos prever. Assim como as 11 garotas e os 02 garotos que provavelmente pensavam ter "a vida inteira" pra viver, que faziam planos para o final de semana, e que talvez pensassem em mandar um cartão de pedido de desculpas à mãe, por não ter lavado a louça quando ela pedira. Alguns preocupados com a prova da semana que vem - quem sabe?-, ou até mesmo ensaiando um pedido de namoro a ser feito praquela pessoa especial... 12 a 14 anos. Tão pouco tempo para quem pensava possuir a vida inteira! Talvez imaginassem morrer um dia. Mas com 80 anos, cinco netos a segurar-lhes as mãos enrugadas, e dois filhos a conversar com o médico. Provavelmente, eles não imaginaram que morreriam ontem. Não podiam imaginar, porque lá fora o sol brilhava, e o dia prometia, e havia a promessa de um futuro melhor. E havia ainda o final de semana, e poderiam então jogar todo o futebol esquecido nos dias de semana, e ir ao shopping, à casa da Fernanda ou da Julinha, e ainda podia ter até bolo de aniversário pro irmão caçula. E então no domingo à noite, iriam lamentar a eminente chegada da segunda-feira, e toda a lição, e tanta matemática. Mas iriam acordar na segunda! Iriam respirar, iriam caminhar sorridentes rumo à escola! E haveria farra e conversa paralela de enlouquecer o professor, todos contando ao mesmo tempo as novidades do final de semana. E isso faria toda a matemática valer a pena. Tantas vidas interrompidas aos doze! Tantas mais aos treze, aos quatorze! Interrompidas na marra, ao som de revólver disparando, balas estourando, e queimando, e doendo. Cheiro de medo e sangue no ar. Há quem diga que o melhor é ter mesmo 15 anos; outros preferem ter 18 e poder dirigir. Bom, eles nunca saberão. Estão todos adormecidos. Não vão crescer, não vão viver, não vão se casar, não vão ter filhos, nem fazer faculdade. Paralisados para sempre aos 12, 13 e 14 anos.


É quando você acorda dessa divagação sobre a vida, sobre a morte, sobre o ser ou não. E consegue pensar numa coisa só: poderia ser seu filho, seu irmão, seu amigo, seu pai, sua mãe. Poderia ser você, afinal. De repente, você se dá conta de que a vida é breve, que o "pra sempre" não existe, que as pessoas que você mais ama não estarão do seu lado para sempre, que a vida é uma borboleta que pode sair voando, inalcançável, a qualquer movimento mais brusco. E, de repente, você percebe que hoje é um presente, que essa hora é um presente, que esse minuto, esse segundo, esse milésimo, são todos presentes preciosos. Preciosos demais para se gastar de qualquer jeito, com qualquer coisa, com qualquer verdadezinha egoísta, com qualquer sentimento mesquinho. A vida é agora, acontece agora e não daqui a cinco minutos. Sim, cinco minutos fazem muita diferença.


O que será que todas essas crianças terrivelmente mortas trocariam por mais cinco minutos de vida?


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(Às vítimas da escola de Realengo.

O que poderia dizer a vocês, meus queridos e minhas queridas? O que dizer a vocês que amenize um pouco a dor, o sentimento de revolta, o sentimento de perda, que justifique todo o medo? Palavra nenhuma que eu disser, escrever, gritar, fará com que tudo se transforme apenas num cruel pesadelo. Nenhuma palavra minha tem o poder de fazer com que vocês se levantem e voltem a respirar. Então, ofereço a vocês o melhor que posso: meus pensamentos, minhas orações e esse texto, que é dedicado a vocês. Desejo que todos vocês sejam acolhidos por Jesus, recebidos com um abraço de Pai que só Ele pode dar. Dizem que Ele tem o melhor abraço do mundo, meus queridos. Um abraço que cura as dores, que apaga as tragédias, que retira o medo e devolve a paz. É isso: desejo que vocês sejam abraçados por Jesus e acolhidos por Ele no paraíso. Fiquem em paz.)

Texto 05 - Concurso "Deixa a Alma Respirar - 01 Ano!"

O Quinto Lugar do Concurso foi conquistado pela Mariana Tavares Spezani, autora de "Mártir", um texto muito original e interessante. Parabéns, Mariana! Blog da Mariana: http://letraslivros.blogspot.com/

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Mártir

por Mariana Tavares Spezani

Acabara de sair do tribunal, mais uma causa ganha. Fora difícil e exigira muitas noites sonolentas de pesquisas e preparação, mas Letícia não estava feliz. Tentava manter a postura, a face séria e confiante que aprendera a usar, mas na verdade... Aquela dor dilacerava-a. Como poderia doer tanto assim? Era tão recente e, no entanto, a dor era tão profunda!

Logo hoje que fora trabalhar sem carro... Era mais torturante ainda ir andando pra casa, tentando não chorar ou fazer cara feia. Era uma cidade não muito grande, todos se conheciam, ela precisava manter a compostura! Mesmo que cada segundo a torturasse, heroicamente caminhava até sua casa, não muito longe, mas - ah! - como a dor era profunda!

Alguns dizem que dor é psicológica, basta se concentrar e você verá que, na verdade, não sente nada. Letícia adoraria ter uma conversinha com essas pessoas agora. Elas nunca deveriam ter sentido a dor que ela estava sentindo. E como era difícil manter a expressão séria quando tudo que queria era enroscar-se em um canto e morrer... Era desumano sentir tamanha dor!

Faltavam 3 quadras. Será que já sentira tanta dor assim na vida? Céus...

Uma mulher parou em sua frente, bloqueando a passagem e obrigando-a a parar. Sorria abertamente, uma velha colega de classe, da turma de direito. Tagarela, eternamente feliz. A pessoa errada para se encontrar em um momento como aquele.

- Letícia querida! Quanto tempo!

- Realmente, Lúcia. Você anda sumida. Mas eu to com um pouco de pressa...

A dor tendia a piorar, dava vontade de chorar. Com mais algumas palavras tolas e falsas, finalmente lúcia foi embora e Letícia pôde continuar seu caminho.

Duas quadras apenas.

Por mais que fizesse força, não conseguiu. A essa altura, as sobrancelhas franziram e a expressão de intensa agonia tomou conta de seu rosto. Mas como era forte aquela Letícia!

Conseguiu recompor-se apenas dois passos após. Tinha de ser policiar, ser disciplinada.Mais uma quadra e estaria em casa! Não que estar em casa pudesse ajudar realmente. Duvidava que até mesmo um tiro pudesse doer tanto.

Estava dividida entre o instinto de correr e a necessidade racional de manter o ritmo da caminhada. Faltava tão pouco... E doía tanto! Espetadas de agulhas pontiagudas... Facas rasgando-a.... Nunca fora o tipo de mulher que tem medo de barata, chora à toa e vive desmaiando mas, ao experimentar aquela dor, reconheceu que desmaiar seria perfeito. Uma saída muito fácil.

Finalmente... FINALMENTE. Entrou em seu prédio, grunhiu um rápido "boa noite" para o porteiro, nem mesmo viu se havia recebido cartas. Seu foco era penas o elevador.

Graças a Deus, estava subindo a caminho do 10º andar, seu apartamento! Sonhava com um banho, um descanso no sofá. Se ver livre da dor, quem sabe? Se nada desse certo, talvez tivesse algum veneno de baratas em casa que pudesse tomar... Qualquer coisa pra não ser mais torturada.

8º... 9º andar... Parecia uma eternidade. Aquele elevador sempre fora tão lento assim? Parecia que ria de seu desespero, de seu suplício. Quando finalmente entrou em casa, a irritação por aquela tortura ridícula superava toda a dor.

Trancou a porta, tirou a sandália que comprara essa semana e, apesar de maravilhosas e caras, jogou-as no lixo.

Finalmente, livre do tormento para sempre!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Texto 04 - Concurso "Deixa a Alma Respirar - 01 Ano!"

O Quarto Lugar do Concurso pertence à Thayanna Mendes Araújo, que através de um texto tocante nos mostra a complexidade de um sentimento. Parabéns Thayana! Blog da Thayana: http://meuidoloeeu.blogspot.com/ ______________________________________________________________________ Meu coração arde quando te vejo, a angústia de não te ter do meu lado aumenta me tirando o fôlego. As pulsações são tão lentas que me assustam. Os pensamentos negativos me desafiam. O arrependimento vem à tona me perguntando se foi um erro me apaixonar. A insegurança acompanhada do medo me faz desistir desse amor e as lembranças de algo que poderia ser verdade me mutilam. Os segundos se tornam anos e as horas uma eternidade. A inveja que sinto das pessoas que podem te tocar me deixa completamente doida, capaz de fazer qualquer loucura. O ódio me faz desabar encontrando refúgio nas minhas próprias lágrimas. A depressão é contagiante, então me isolo esquecendo que lá fora eu tenho uma vida. A dor invadiu meus sonhos, transformando o que antes era doce em amargo, o que era colorido em preto e branco. Minha vida se desmorona. A distância é o fim e a tristeza toma conta, mas de alguma forma inexplicável a esperança se manifesta me alimentando para todo o sempre.
por Thayanna Mendes Araújo

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Texto 03 - Concurso "Deixa a Alma Respirar - 01 Ano!"

A Paty Oliveira e a Vanessa Christiane ganharam o Terceiro Lugar do Concurso, com um texto que emociona ao falar de amor não correspondido entre amigos. Parabéns, meninas! O blog da Paty e da Vanessa: http://blogmundoimperfeito.blogspot.com/

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Por muito tempo você ficou atrás de mim, tentando me conquistar em cada pequeno gesto, seus olhos brilhavam ao me ver e inexplicavelmente me sentia segura ao seu lado. Por mais que você me pedisse, eu não conseguia abrir meu coração, na verdade eu não queria, me fechando em um mundo particular. Foi quando você me virou as costas e tudo passou a ser mais ameaçador. Sentia que não tinha a proteção que apenas você me dava. Não vou dizer que te amo,por saber que não é esse o sentimento; a única coisa que sei, é que sim, você faz falta, sim, você é mais do que um amigo. É um anjo que veio para me mostrar algo. Depois de palavras tão duras, você se afastou. Não te amo como você queria, porém você está aqui dentro, faz parte desse coração idiota, e me sangra ao ver seu olhar triste tentando me evitar. Não prometo que te amarei como homem, porém te amo de uma maneira que não suportaria te perder. Me perdoe se não consigo te amar, juro que tentei, porém não foi só você quem derramou lágrimas no silêncio do quarto. Eu também chorei, presa em uma situação que me faria te perder, independente do que fizesse. Perdão por não ter te dado o que você esperava. Por ter te feito sofrer por mim. Meu peito chora em sincronia com você, porém por sentimentos diferentes, mas medos iguais, medo de te perder. Me perdoe, amigo...


por Paty Oliveira e Vanessa Christiane

terça-feira, 5 de abril de 2011

Texto 02 - Concurso "Deixa a Alma Respirar - 01 ano!"

O segundo lugar do Concurso "Deixa a Alma Respirar - 01 Ano!" foi conquistado pelo texto da Ju Leiria, intitulado "Eu e o teu eu". Ju, parabéns! Seu texto é muito criativo e emociona pela sinceridade dos sentimentos inseridos no papel. Blog da Ju Leiria: http://juleiria.blogspot.com/ ______________________________________________________________________
Eu e o teu eu

por Ju Leiria


Eu e o teu 'eu imaginário' me bastam. Sou muito feliz te imaginando comigo do meu jeito, do meu lado. E só pra constar, nós somos muito felizes. Esses tempos eu te acordei cedo, antes mesmo de clarear o dia. Fomos viajar. Juntos, testemunhamos um nascer do sol belíssimo. Ficamos maravilhados ao apreciar os primeiros raios do sol tocar em nossa pele. Tu és uma ótima companhia de viagem, baby. Eu te levo sempre junto comigo. Pra todos os lugares. Nunca te abandono. Por onde passeio, sempre te carrego junto. Andamos de mãos dadas por aí, espalhando felicidade. E posso afirmar com certeza: somos um casal de dar inveja.Quando chove forte, tu estás sempre comigo, me abraçando, acalmando o meu coração. E depois da nossa chuva sempre tem um arco-íris. Eu te chamo depressa, tu vens correndo, e juntos curtimos a bela imagem colorida proporcionada pelos céus. E quer melhor companhia que a tua na fila do banco? Com esse calor, com tantas pessoas mal-educadas por aí, tu nunca me abandona, sempre dá um jeitinho de ficar ali do meu lado, me distraindo com palavras agradáveis, fazendo o tempo passar mais rápido. E a tua mania de ir deitar na cama exatamente na hora em que eu também vou deitar? Nunca me deixas esperando no colchão. Fazes sempre questão de deitarmos ao mesmo tempo, numa sincronia que até Deus duvida. Isso que é companheirismo. Mas, claro, não sem antes batermos aquele papo gostoso, fazer alguns planos pro finde ou confessar alguns pensamentos que ocorrem no momento. Tu sabe que eu não durmo sem o teu boa-noite. Tu estás sempre preocupado comigo. E eu contigo. Tu sempre me perguntas se eu já comi, se dormi direito, se estou feliz. Acho que sou a mulher mais sortuda do mundo. De onde tu tiras tanto zelo, tanto carinho, tanto amor? No próximo finde nós vamos pra praia, que tu tanto gostas. E já estou imaginando eu e tu acompanhando o movimento das ondas do mar, num lindo fim de tarde. Já te vejo contemplando a imensidão do céu, jogando bola com algumas crianças na areia... Já te imagino correndo em minha direção, com olhos curiosos, querendo descobrir as palavras que escrevi na areia. Ultimamente, temos conversado bastante, mais do que o normal. Acho que estamos nos entendendo bastante, apesar do teu ciúme bobo. Adoro acordar cedinho de manhã para discutirmos sobre a vida, sobre o amor, felicidade, sonhos... Meu coração anda tranqüilo, minha respiração suspira aliviada, meus olhos sorriem. Estou feliz. Estamos felizes.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Texto 01 - "Concurso Deixa a Alma Respirar - 01 Ano!"

Hoje é o dia do resultado do concurso que promovemos para comemorar o aniversário do blog. Foram inscritos muitos textos, cada um com sua beleza e sua inspiração. Sem dúvidas, foi difícil escolher apenas sete! Parabenizo a todos os autores inscritos. Esse foi mesmo um concurso da mais alta qualidade, graças a vocês! Agradeço a participação de todos! (Para lembrar: cada texto escolhido será publicado individualmente, cada um em um dia da semana que vai de hoje, 04 de Abril, a dia 11 de Abril.) Vamos agora à ganhadora do Primeiro Lugar do Concurso. Com um texto lindo, inspirado na música "Eduardo e Mônica" (Legião Urbana), a Isabela de Oliveira Nunes Costa, 14 anos, aborda de forma suave e romântica o amor. Realmente encantador. Parabéns, Isabela! Blog da Isabela: http://menosquesonhos.blogspot.com/ ___________________________________________________________________
Amor Alheio

por Isabela de Oliveira Nunes Costa

Alice Clara Lívia. O nome fazia jus à garota. Ela era estranha, e com o perdão da palavra, deslocada. Assim como a junção mal feita de seus nomes, ela não se juntava às pessoas. É como se ela fosse um óleo e mandassem ela se misturar com a água. Quimicamente impossível. Psicologicamente impossível.Ela já se conformara em ser diferente, em querer falar demais quando todos queriam silêncio, em querer pensar quando todos queriam agir. Em querer ser irresponsável quando todos queriam ser o exemplo. Eu, humildemente, penso que ela queria ser diferente e não sabia que já era. Ela sabia que tinha essência e sabia que não tinha amigos. Estava na mesma sala há três anos e ainda ouvia pessoas perguntando qual era mesmo o nome dela. Ela era exatamente o tipo de pessoa que não chama atenção, até você conhecê-la.E devo dizer, aquele garoto moreno com o sorriso de lado teve sorte. E quanta! Ele primeiro se sentou ao lado dela, era novo na escola e não sabia que todos a achavam um tanto quanto louca. Ele se sentiu insultado quando ela nem olhou para ele e fez questão de chamar a sua atenção. Pegou uma caneta do estojo dela sem dizer nada e escreveu na mesa o seu nome. Ela achou aquilo fofo, seus olhos brilharam e sua boca tremeu, escondendo um sorriso, pegou a caneta da mão dele e escreveu ali o nome dela, aquela junção descombinante de nomes suaves.Ele percebeu a estranheza do nome, e achou que era a cara dela. Não que ela fosse feia, tinha a pele branca coberta de sardas, cabelos ruivos brilhantes e lisos. Os olhos verdes misteriosos como quem sabe de um segredo delicioso e envolvente.E de repente ele passou a gostar de sardas, vai dizer que não são bonitas? E olhos verdes? Ele sempre gostará, ou ao menos ele achava que sim.E foi assim, o misterioso verde com o castanho envolvente dos olhos dele, um sorriso de lado e outra boca tentando não imitar a ação da primeira. Eles não tiveram uma história perfeita. Tiveram uma história verdadeira. E bem lá no fundo, eles me lembram os personagens de uma música, onde Legião Urbana canta como quem nem percebe que está cantando. Porque para mim eles são Eduardo e Mônica – aquelas duas pessoas completamente diferentes, mas que você não consegue imaginar separados.E deixa-me dizer, antes que eu esqueça, o nome dele é mesmo Eduardo, ela é mesmo de leão e a nossa amizade realmente dá saudades no verão. E quando eu mostrar esse texto para eles a Alice vai rir como quem sabe de algo que mais ninguém sabe e o Eduardo vai olhar para ela como quem realmente sabe qual é esse segredo. E eu? Eu vou ficar lá, tentando não procurar razão nas coisas feitas pelo coração.