Vou. Quase volto. Olho de soslaio, pura indecisão.
A palavra quase salta, os lábios quase abertos, mas eu penso, repenso e resolvo que não.
Começo a ensaiar meus próximos passos. Se vou? Se fico? Se não fico, eu vou, mas se vou eu quase fico (nunca irei por inteira). Há sempre uma parte de mim que insiste em não-saber. A outra parte grita, diz urgência, pede atitude, tem sede de decisão, cobra mais lugares, mais pessoas, mais gestos queridos, mais coragem. Mais, mais, mais. Ousada metade do meu ser, sempre querendo tudo o que o meu eu inteiro não consegue dar.
A outra parte, gêmea coitada. Sem certezas, tímida de fazer dó. Sempre corrigindo as travessuras impulsivas da irmã deslumbrada. É ela quem me ruboriza as faces, me torna desajeitada e propensa a tropeções. É ela quem me sopra aos ouvidos:
"- Indecisa! Simplista! Sem sal!"
Desastre em potencial.
E eu, eu mesma, sobro inteira e dividida, eternamente dividida, mera platéia de uma briga entre duas gêmeas levadas.
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