Bem vindo ao meu universo! Neste blog você encontrará textos de autoria de Ana Teresa Araújo Viana. Alguns textos são reflexões sobre diversos assuntos, outros são apenas o resultado de alguma madrugada inspiradora. Sem mais delongas, Deixa a Alma Respirar!







sábado, 15 de outubro de 2011

Sobre tetos vermelhos, rotina, ordens implícitas e não saberes.


Arissa abriu os olhos e contemplou o teto branco do quarto. Teto sem graça. Sem cor também. Afinal, desde quando branco é cor? Branco é branco, branco e só. Arissa estava em meio a tédios. Uma doce menina entediada pode decerto promover muitas mudanças. Levantou-se da cama, olhou-se no espelho, focalizando em primeiro plano seus olhos castanhos. Sempre tão úmidos, olhos tão gelatinosos, oblíquos, aquosos. Pareceriam estranhos a outros olhos? Ela não sabia. Mas gostava deles. Eram... diferentes. Sutilmente diferentes. Arissa apreciava todas as coisas diversas. Talvez por isso estivesse tão incomodada com a sua rotina. Rotina! Que palavra mais nojentinha, ela pensava. Sem graça, sem cor. Que nem o teto do quarto! Não era à toa que o pensamento de Arissa voava tão facilmente. Algo magnético a levava a idéias inusitadas. E se eu terminasse o colégio e decidisse viajar pela Europa inteirinha? Mas e a faculdade, Arissa? Só quero um curso de fotografia. Arissa só desejava aquilo que pudesse aproximá-la dela mesma. Durante as aulas de química, Arissa era a mais avoada. De que adianta saber tudo sobre tabelas periódicas, quando não sei sequer em que acredito? Ai, Arissa. Por quê você tinha que ter sempre perguntas tão complicadas?
E ela quer saber porque tem de haver tantas ordens implícitas no mundo. E ela quer saber porque dizer liberdade soa falso. Arissa, sempre com tantas filosofices. Ai, essa rotina ainda me mata! A vida toda passando, assim, tão veloz, e Arissa nem sequer teve tempo para pensar no que fazer com tantos segundos e minutos ligeiros! A vida assim tão sem graça, tão sem cor... Que nem o teto do quarto. Arissa sabe tudo o que deve fazer. A lista é extensa e ingrata. Mas ainda não descobriu o que quer fazer. São tantas as possibilidades.
E se eu cair? Alguém me levanta? E se der errado? Eu volto atrás e faço certo. E se eu me arrepender? Quem é que se arrepende diante da felicidade?
De repente, a menina cai em si, desvincula-se de tantos devaneios. De uma coisa, Arissa agora tem certeza:
- Esse teto eu vou pintar é de vermelho!

Um comentário:

Esse espaço é seu. Exponha suas idéias, suas opiniões. Livremente, sem medo. Deixa a Alma Respirar!