Ela andava pela rua distraída. Pensava no teste da semana que vem, no vestibular que se aproxima, no amor sempre tão distante e impossível...
Caiu de suas nuvens de algodão in-doce, despertando de repente. Ao seu lado, andava um garotinho. Passo a passo, o menino a acompanhava automaticamente, também ele perdido em seus próprios pensamentos. Aquilo a perturbou profudamente. Em seus quase 17 anos de vida, nunca vira alguém andando tão serenamente ao lado de um desconhecido. As pessoas em geral apressam o passo e ultrapassam as outras pessoas em suas andanças. Ou então guardam uma distância segura, de quatro ou cinco passos, evitando aquele ser que não é seu amigo ou parente. Mas aquele menino andava ao seu lado - exatamente ao seu lado! Parecia desconhecer a lei que secretamente regia o mundo daquela moça: MANTENHA UMA DISTÂNCIA SEGURA DE TODAS AS POSSÍVEIS FORMAS DE AFETO. Não se apegue. Não se vincule. Não ame. Não demonstre.
Mas ele era apenas um garoto, e carregava uma mochila nos ombros, e ele parecia ter oito anos e um jeito tão doce! E ele sorria, e cantarolava uma canção tão leve e tão gostosa, parecendo relembrar algum fato acontecido nos amplos jardins de sua escola. Ele era apenas um menino, um menino que não tinha nenhum medo da vida. E a vida, ao lado daquele menino, de repente pareceu tão mais simples e tão mais bela!
É claro que a moça não conseguiu conter um sorriso. E ela sorriu. Com os lábios, com os olhos e com o coração. A vida, afinal, não tinha que ser um fardo; quis gritar essa descoberta. Ela desejou a felicidade assobiada pelo menino. Decidiu assobiar também.
E naquele dia, ao chegar em casa, a moça abriu as cortinas, colocou um vaso de azaléias na janela, ligou para os velhos amigos, olhou nos olhos castanhos de seu esquecido cachorrinho.
Aquele garotinho simpático e descuidado não sabia, mas ele tinha acabado de reinventar uma vida.
Ps.: Dedico esse texto a todas as pessoas que com seus atos simples e despojados, porém altamente significativos, reinventam a vida diariamente.
Porque escrever é uma terapia. Cura a alma de quem lê. Cura a alma de quem escreve.
Bem vindo ao meu universo! Neste blog você encontrará textos de autoria de Ana Teresa Araújo Viana. Alguns textos são reflexões sobre diversos assuntos, outros são apenas o resultado de alguma madrugada inspiradora. Sem mais delongas, Deixa a Alma Respirar!
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Ana, você escreve tão bem que me deixa fazer parte de cada história.
ResponderExcluirO amor que incumbe em suas palavras nos fazem entrar dentro do enredo.
Sonho que algum dia consiga escrever tão perfeitamente como você (não é inveja, é admiração).
Sigo muitos blogs de pessoas que escrevem histórias, mas são poucos, muito poucos que sabem realmente escrever. E você é uma delas!
Parabéns!
Beijos.
Ana... adorei o texto. Mesmo! É um crônica perfeita que reflete o que muitas pessoas tem deixado acontecer consigo mesmo.
ResponderExcluirContinue escrevendo. Sempre! qualquer forma de arte areja a alma.
Bjos
Querida Amanda,
ResponderExcluirFico lisonjeada com suas palavras!
Tenha certeza, você é uma ótima escritora, dotada de grande criatividade e dedicação.
Muito obrigada por todo o apoio, carinho e incentivo!
Beijos.
Léo Camacho,
Sábias palavras "qualquer forma de arte areja a alma." O Deixa a Alma Respirar reflete justamente a tentativa de arejar a alma através da escrita e da leitura.
Obrigada por todo o apoio, carinho e incentivo!
Beijos.
Ana, indiquei você à um Meme literário que fiz. Se puder, você responde? http://migre.me/3RLfI
ResponderExcluirBeijo! (:
Seus textos são simples, lindos e diretos. Isso é tipo, incrível. Eu sigo pouquíssimos blogs, mas todos que sigo faço questão de comentar. Que nem o seu. Sempre fico feliz quando tem um texto novo, porque sei que de certa forma vou tirar uma moral deles. Como esse.
ResponderExcluir"Ps.: Dedico esse texto a todas as pessoas que com seus atos simples e despojados, porém altamente significativos, reinventam a vida diariamente.".
Pois é. Felizmente existem pessoas assim.
Beijos, continue assim.
snowbooksowlsplush.blogspot.com