Bem vindo ao meu universo! Neste blog você encontrará textos de autoria de Ana Teresa Araújo Viana. Alguns textos são reflexões sobre diversos assuntos, outros são apenas o resultado de alguma madrugada inspiradora. Sem mais delongas, Deixa a Alma Respirar!







sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Conheça Lêda. Lêda, ou simplesmente Lê, é uma garota nos seus vinte e poucos anos, parecida com tantas Glorinhas, Marias, Paulas, Ivetes, Fabíolas. Lêda faz tudo como manda a cartilha: terminou a faculdade pública de Direito há um ano, estudou direitinho, passou na OAB de primeira. Tá estudando pra passar num concurso. Às vezes advoga algumas pequenas causas pra ganhar um dinheiro. 
Lê leu os livros e viu filmes do Harry Potter, assistiu os filmes da trilogia do Senhor dos Anéis, chorou quando viu A culpa é das Estrelas. Ama cinema, pena que não tem grana sempre. Pega um cineminha de vez em quando nas quartas que é o dia mais barato. Nem sempre dá pra comprar a pipoca. Paciência.
Ledinha gosta de música antiga, rock antiguinho, essas paradas mais cult. Mas não é chata também. Canta um sertanejo de boas quando dá na telha. Se diverte com a galera, é flexível e está no meio termo. Nem super legal, nem super chata. Lê é normal, sabe? Garota normal. Nem milhares de amigos, nem nenhum amigo, nem cabelo enorme nem cabelo curto, nem muita tatuagem, só três pequenininhas em lugares que dá pra esconder. Nem bonita demais, nem feia. Eu diria que Lêda é uma garota bem bacana, um tipo bom, sabe? 
Vai na igreja aos domingos, honra pai e mãe, é protetora dos animais, se bobear vai um dia participar do GreenPeace, se tudo der certo. Teve dois namorados na vida, namoros longos, eram meninos legais, mas não deu certo. Lêda sofreu mas superou. Não ficou traumatizada. A menina tem a cabeça boa, sabe?
Lê não passou no seu terceiro concurso, mesmo estudando 10 horas por dia. Sofreu bastante, mas superou. Não foi um trauma. Tanta gente é reprovada num concurso, oras. É o que o pessoal fala.
O tio ficou doente, doença grave. Eu esqueci de falar, mas Lêda é classe média legal. Bom, a família não teve condição de bancar o melhor tratamento. A fila de espera do Serviço de Saúde público era longa. O tio Geraldo faleceu esperando o tratamento. A família nunca atrasou nenhum imposto, apesar do arrocho salarial, mas tio Geraldo morreu. Sem tratamento. Mas acontece, tanta gente morre, não é? Lêda superou. Sofreu mas superou. Não foi um trauma.
Um dia o carrinho velho que Lêda herdou da tia avó parou na rua. Era o motor? Tomara que não seja o motor, Lêda pensou. Não vai sobrar dinheiro pro mecânico esse mês. Não era o motor, era só falta de gasolina mesmo. A gasolina tá cara pra caramba, não dá pra encher o tanque. Lê sempre abastece só pra ficar na reserva. Mas é assim mesmo, respira fundo, Lêda, podia ser pior.
Chegou o fim do ano e tudo que ela queria era praia, sol e sombra fresca. Que jeito? A família não tirava férias há muitos anos. Tempos difíceis. Um problema comum, também. Não é motivo de revolta, tempos difíceis, ué.
Outro dia foi o ladrão que entrou em casa. O cachorro de Lê levou bala. Foi tenso de aguentar. Pulguinha acompanhava a família já havia 6 anos. O vira-lata nem teve tempo de revidar o ataque: levou bala rapidinho. O ladrão levou algumas coisas como computador, televisão, microondas. Mas não matou ninguém. Aliás, matou Pulguinha, mas ele é cachorro, não conta muito. Todo mundo sofreu, foi difícil, mas todo mundo superou. Podia ter sido pior, podia ter atirado em gente, imagina. É agradecer ao Cosmos pela sorte e não reclamar da vida.
Cara, todo mundo superou, mas dessa vez Lêda decepcionou. Não conseguiu superar. Entrou em depressão. Quase ninguém entendia. Coisa de gente fraco, falta de um tanque de roupa suja pra lavar. Estuda mais que tá pouco, ocupa a cabeça que passa. Lêda tentou, mas não surtia efeito. Começou tratamento com psiquiatra, tomou remédio, mas precisava aliar com psicoterapia. Era caro. A família soltou cheques e mais cheques para pagar o psicólogo. Lêda estava triste e se sentia culpada, culpa que corrói. Não podia se dar ao luxo de adoecer. Depressão é doença de rico, ué. Pobre não tem o direito de diminuir sua produtividade assim de repente.
Mas Lêda surtou de vez quando decidiu cortar o cabelo curtinho, tatuar as costas inteiras de letras de músicas bonitas. Parou de estudar pra concurso. Botou mochila nas costas e cismou de viajar. Sem um centavo. A família desesperou. Mas ninguém conseguiu conter Lê. Ela ia, e foi. 
Ninguém entendeu por quê. E você?

Para você que já ficou na dúvida se as coisas iriam um dia dar certo

    Quero o novo, todas as coisas lindas que hão de chegar. Basta ter fé, e acreditar, e continuar... O bom da vida, o renovar, vai chegar, pra você e pra mim. Jogue fora o que não serve mais, o que não presta, o que passou da data de validade, o que aperta, machuca e não "veste" bem. 
Por falar nisso... Como você tem vestido sua alma? Como tem cuidado de você, da sua mente, do seu espírito? Tem se vestido de palavras boas, de energias positivas e renovadoras, de elogios, de bem querer? Tem comprado flores para você mesmo ou está chorando porque ninguém comprou flores para você? Sabe esse cantinho vazio que você carrega no peito? É, esse mesmo, que dói às vezes, chamado solidão? Lave esse canto da sua alma, esfregue bem a escuridão, perfume com alfazema e decore com flores... Não é que a solidão vá desaparecer de repente. Não, ela não vai. Mas quer saber? Torne esse cantinho mais acolhedor e talvez alguém tenha vontade de ficar. Talvez você mesmo sinta vontade de ficar ali então. E talvez perceba que aquele cantinho não é mais tão ruim, e tem beleza, e tem perfume. E nesse dia você vai descobrir que você mesmo é a melhor companhia que você pode desejar. 
    No fundo, é isso. Não queira saber das pessoas aquilo que elas não querem te contar. Não insista em ficar num lugar onde você não quer estar. Por favor, não peça sentimentos que alguém é incapaz de lhe dar. Não se pergunte o "por quê". Essa vida não faz mesmo o menor sentido.
Quando sentir vontade de desistir, se permita chorar por um momento. Mas levante logo em seguida, lave o rosto, coloque o seu batom de cor mais vibrante e bola pra frente, que a vida continua. Nada de cama. Se apertar demais o aborrecimento, bota uma mochila nas costas e vai viajar. Não dá? Pratique um esporte novo, aprenda uma nova língua, se dedique a assistir todos os filmes começados com a letra "A", sei lá. Encontre alguma coisa para fazer. 
    O segredo é não parar... O equilíbrio está no movimento. Vai em frente, menina, vai em frente que a sua paz está logo ali.
    Último recado para você. Leia com atenção, porque eu não vou repetir.
   - Não, você não tem nenhum problema, você é maravilhosa por ser exatamente como é e as pessoas que não puderem enxergar isso, eu lamento, mas elas perderam a oportunidade de conhecer esse alguém incrível que é você. E é assim mesmo, bola pra frente que a vida continua. Vai aparecer mais gente. Você vai cair em muitos abismos ainda, mas talvez numa dessas quedas você perceba que pode voar. Então, simplesmente voe... Mas para isso você precisa ser leve. Coloque então leveza em tudo o que você fizer. Como? Eu não sei. Descubra-se. Conheça-se. Uma dica: o que não é leve não consegue flutuar sobre as águas e acaba pra sempre perdido nas profundezas dos oceanos. Leveza, portanto, é NÃO PESAR. Se pesar, já era, acabou, afundou. Coisa leve flui, é fácil de carregar. Não dói as costas, sabe? Nem a consciência, nem o coração. Se ficar pesado, você já sabe. O negócio é botar leveza pra poder voar. 
    Confie em você. Eu sei que você pode, e pode ir além do que você imagina. E sim, você é a pessoa mais bacana desse mundo todinho. Por isso, aproveite o privilégio que é ser você. Vai se curtir, menina. Vai se amar. E num dia desses você aprende a se bastar. E aí vai ver que felicidade não é bicho de sete cabeças, não. 
    Você nasceu com tudo o que é necessário para ser completamente feliz.



terça-feira, 5 de maio de 2015

Entardecer.
        (Em uma tarde qualquer, seja você)
                 Cerveja
                        (Ser, veja)
                             Sorrir
                                  (Só rir)
                                          Enfim
                                               (E fim)