Bem vindo ao meu universo! Neste blog você encontrará textos de autoria de Ana Teresa Araújo Viana. Alguns textos são reflexões sobre diversos assuntos, outros são apenas o resultado de alguma madrugada inspiradora. Sem mais delongas, Deixa a Alma Respirar!







segunda-feira, 26 de março de 2012

A última música


Passara a festa inteira sentada à sua mesa. De vez em quando respondia com um menear de cabeça aos cumprimentos dos vários conhecidos que passavam pela frente. Aquela noite definitivamente não valia as horas dedicadas à escolha do vestido, maquiagem, sapatos, penteado, perfume. Poderia ela voltar ao tempo e abandonar os planos daquela sexta à noite? Queria tanto colocar seu pijama e ver um seriado qualquer na Tv... Esquecer que aquela noite existira.
A banda começou a tocar, ela não prestou atenção na música. Músicas românticas e estúpidas, tão estúpidas. A pista logo se encheu de casais que dançavam lentamente. A garota desejou estar em casa pela milésima vez.
Mas, espere... Estaria ela ouvindo sua música predileta? A banda começara uma nova música enquanto ela estava distraída. Aquela música sempre lhe dissera tantas coisas. Last Kiss, Pearl Jam. Duraria apenas três minutos e alguns segundos. Ela já perdera algum tempo, e sabia que a música iria logo terminar. Mas aquela música sempre lhe dissera tantas coisas. "I lifted her head, she looked at me and said,/'Hold me darling just a little while'." Momentos perdidos que não voltam mais. "I held her close, I kissed her - our last kiss./I'd found the love that I knew I had missed." Afinal de contas, é ou não 'é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã'? Pelo sim, pelo não, é preciso sim...
A menina se levantou e correu por entre a multidão de casais que flutuavam na pista. Abriu passagem por algumas pessoas, desviou de um garçom que servia outras mesas. A música iria acabar logo! Sorriu quando finalmente o avistou. Caminhou até o garoto com uma certeza daquelas que não se tem duas vezes na vida. "Well now she's gone, even though I hold her tight./I lost my love, my life - that night."
Olhando-o nos olhos, disse apenas:
- Dança comigo?
Vendo que ele iria dizer algo, ela tocou-lhe os lábios com o indicador, num gesto de silêncio.
- Não fala nada... Só dança comigo.
Ele sorriu um pouco assustado, mas atendeu ao pedido.
Ao olhar fundo naqueles olhos castanhos, ela soube que tomara a decisão correta.
"Hold me darling just a little while.'/I held her close, I kissed her--our last kiss."



Você.


A gente olha pro lado, faz que não vê, se finge alheio à vontade.
A gente olha pro lado, faz pedido pra primeira estrela que nasceu no céu, faz promessa de dias melhores caso o 'e se' se concretize, a gente esquece o orgulho e a teimosia e pede mesmo que, por favor, que seja meu... que seja nosso, por mais que a gente diga que não quer, que não, não faz diferença. A gente simplesmente assume que quer.
A gente se vê olhando pro céu e rezando baixinho:
- Meu Deus, que seja meu...
Mas o tempo passa e vai perdendo a graça, o tempo vai passando e de repente perde-se o momento. Não é nosso. Não ainda.
A gente se vê esperando, olhando relógios, contando minutos, vendo a vida passar numa janela qualquer, coração amassado contra o peito. A gente se pega encostado num batente de porta, falando baixinho:
- Um dia vai ser meu.
Mas é que o tempo vai passando mais e mais, e sem querer a gente perde a esperança, ou é a esperança que se perde da gente?
E um dia a gente se percebe num cantinho qualquer murmurando, pedindo, rezando, falando:
- Meu Deus, por quê não foi meu?!

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Pronta ou não, aí vou eu.


De repente você se vê andando por caminhos nunca antes percorridos, se vê falando com pessoas que jamais imaginou conhecer, se vê vivendo uma realidade que nunca pensou que um dia pudesse chamar de sua. Então você pára em frente a um espelho qualquer e analisa a imagem que ele reflete. Não, você não mudou nada. Mas, ora, por que parece ter passado tanto tempo? Tanto tempo desde... sempre? Por que as coisas estão tão diferentes, por que a vida deu assim esse giro de cento e oitenta graus, essa guinada radical? O que fazer com tanto medo, com tanta indecisão, o que fazer com tanta vontade de fazer dar certo, o que fazer com tanto deslumbramento, agora é você mesmo quem tem que decidir. Você se percebe pensando no quanto está rodeado de pessoas e irremediavelmente só, porque no final das contas é só com você mesmo que você deve contar. E agora é você quem tem que ser forte, e botar em prática todas aquelas palavras bonitas que um dia leu. Agora é você quem tem que fazer dar certo, saber onde pisar, quando correr, com quem chorar. E você chora, por que de repente se descobre meio adulto, cedo demais. E você quer, por Deus, você quer realmente ter todas as respostas. Você quer dar conta de tudo, você quer que isso seja bonito, soe bem, porque afinal, meu Deus, afinal é a sua vida que você está construindo, não é? Mas ter tanto sobre as costas é pesado, e uma hora a dor teima em aparecer. E a gente não sabe, simplesmente não sabe, o que fazer.
De repente você se vê observando um jardim qualquer, sentado num banco qualquer, procurando por uma resposta qualquer. E você acaba percebendo que talvez ande pensando demais, sentindo demais, sofrendo demais. Querendo saber demais. Por que ter todas as respostas, isso já é querer demais.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A menina que se perguntava ou, talvez, A menina que tinha fome de respostas


A garota caminha pensativa pela ruazinha quase deserta. Passos contados, detalhes analisados, a menina caminha... Vê do outro lado um prédio grande e amarelo, escuta vozes em animada conversa. E então a menina quase para. Perde um pouco o rumo, perde-se um pouco da circunstância. Sua alma sensível voa para longe dali, e, sem perceber, a menina começa a imaginar... Haveria algum curioso numa janela qualquer? Alguém que bebesse seus passos, que admirasse seus gestos de menina perdida e só? Haveria então algum poema rabiscado num canto de caderno, haveria então alguma ode à menina que caminha tão sozinha, tão só? Por que não montes de versos e rimas que fizessem daquele lugar algo mais acolhedor? Por que não montes de almas sensíveis e sinceras, guardiãs de sonhos bons?
Por que a vida tinha de ser assim tão complicada e ao mesmo tempo tão divina, por que é que a vida tinha que encantá-la assim, daquela maneira? Por que ela tinha que amar tanto as pessoas ao ponto de gostar delas de imediato, por que tantas esperanças ilusões nuvens de algodão que insistiam em se refazer mesmo sendo rudemente despedaçadas?
Mas a menina se deu conta de que não existiam respostas. Só existia a vida, assim meio bruta, meio trágica e completamente doce... Só existia a vida e suas várias interrogações.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Sobre mudanças ou simplesmente Reticências



E de repente a vida muda. Muda o céu, a cor, o ar, muda a cidade, muda a vizinhança, muda a estrada, muda o sentido. E de repente você muda... Não por escolha, vontade ou determinação. De repente você muda simplesmente porque está nesse planeta... onde tudo é passível de mudanças. Você muda porque... sei lá. Devia estar escrito em algum lugar, num livro dos destinos, enfim. Talvez lá no fundo você até mesmo soubesse, será? Não sei.
Você muda de repente... e se vê caminhando rumo a novos desafios. Mais um ciclo que se fecha, outro pronto para começar. Mas você não planejou, de repente nem pensava nessa possibilidade ou talvez até pensasse bem remotamente, vai saber. Acontece que isso veio até você, a vida te entregou nas mãos um pacote brilhante e colorido... E você decide abrir o pacote pra ver se ele esconde um presente bonito. É isso. Você abriu o pacote, aceitou esse presente e todas as consequências que ele implica. E agora você vai mudar, porque sua vida já mudou.
Mudanças são mesmo inevitáveis. E dão medo, frio na barriga, confundem os sentimentos, dão à luz indecisões. Mas são fundamentais para o amadurecimento, crescimento e, em alguns casos, realização pessoal. Elas fazem parte do caminho que você tem que trilhar aqui.
Que seja doce, que seja belo, mesmo que não seja fácil...
E que no coração haja sempre a certeza de um sol lindo e brilhante, capaz de fazer a gente se esquecer até mesmo da pior tempestade.
Que a essência não se perca pelo caminho...
E que você busque sempre a felicidade, independente de todo o resto. Porque isso é tudo o que interessa, no final das contas.