Não tenho aquela sabedoria antiga, característica de inúmeras mulheres - minhas irmãs ancestrais - que apenas sorriam diante dos problemas e diziam com os olhos que não se preocupe, pois o tempo irá cuidar.
Não tenho essa sabedoria inerente às mulheres bem-educadas de antigamente, essas mulheres que sabiam se calar e se dizer em momentos exatos, e se fazer, e se conter quando fosse necessário.
Mulheres que criavam dezenas de crianças até transformá-las em seres adultos e apesar de tanta preocupação e afazeres, não temiam o futuro de nenhum de seus filhos, pois sabiam que, de alguma forma, o tempo, a vida ou Deus - ou tudo isso junto - iria se encarregar de fazer dar certo.
Aquela sabedoria das mulheres passadas, que sabiam relevar, e ceder e esperar e ser verdadeiramente o pilar de uma família, essa sabedoria eu não tenho... ou ainda não adquiri.
Mulheres que se impunham e se faziam respeitar através de um único olhar. Mulheres que nasciam sabendo que o silêncio não é sinônimo de fraqueza.
Porque essa sabedoria não parece combinar com a vida moderna, que nos exige palavras, e gestos e posturas e opiniões sobre tudo e sobre todos, vida que indiretamente nos faz esboçar grandes e barulhentas reações onde antigamente caberia silêncio e paciência - o que não necessariamente significa submissão, mas isso nos parece impossível de entender.
A sabedoria de ser quem se é sem escândalos, sem gritos ou baixarias, sem necessidade de expor a todo custo o que penso ou o que quero, sem essa necessidade irritante de ganhar todas as discussões - mesmo que não tenhamos os melhores argumentos - ah, essa sabedoria parece perdida.
Será que nessa histórica caminhada onde nos mostramos competentes, capazes, onde defendemos nosso espaço social, político e público, onde conquistamos nossos tão sonhados direitos, será que nessa caminhada tão linda e tão importante, acabamos perdendo nossa sabedoria feminina? Nossa delicadeza, ternura, nossa capacidade de amar um amor que somente as mulheres - mães de toda a existência - possuem? Se sim, não sei se isso representa evolução ou retrocesso.
Ser igual ao homem... não sei se isso é natural ou até mesmo benéfico. Afinal, a sabedoria antiga nos ensina sobre o Yin e o Yang, o ponto de equilíbrio, a doçura e a força, o dia e a noite, o céu e o mar.
Só sei que em algumas horas eu gostaria de ter a sabedoria das mulheres antigas... quem sabe assim eu teria mais paz e seria mais feliz.